
A União Europeia está revisando e propondo alterações significativas em suas normas ambientais, como parte de sua estratégia para aumentar a competitividade no cenário global, sem abrir mão de seus compromissos com a sustentabilidade e a descarbonização. A mudança mais notável se dá nas diretrizes de Governança Social e Ambiental (SG) e na Taxa de Carbono de Fronteira (CBAM), que visam simplificar e tornar mais objetivas as exigências, principalmente para as pequenas e médias empresas (PMEs). O movimento busca não só modernizar a legislação, mas também evitar que essas empresas enfrentem a burocracia desnecessária, aliviando seu fardo regulatório.
Descarbonização e Simplificação: A Estratégia da Comissão Europeia
A Comissão Europeia está propondo uma revisão da Diretiva de Governança Social e Ambiental (SG), buscando aumentar o limite de grandes empresas de 250 para 1.000 empregados. A proposta visa reduzir a complexidade regulatória para empresas menores, facilitando o cumprimento das obrigações sem que isso prejudique a sustentabilidade ambiental. Além disso, a nova proposta oferece uma definição mais clara e objetiva do que caracteriza uma empresa sob as normas de SG, sem sobrecarregar empresas de menor porte com um “excesso” de burocracia.
Simultaneamente, a Taxa de Carbono de Fronteira (CBAM) também está em pauta, com o objetivo de focar nas grandes indústrias (como os setores de energia, aço e fertilizantes), que representam 99% das emissões de gases de efeito estufa. Isso significa que as PMEs, que possuem menor impacto ambiental, devem ser desoneradas dessas taxas. O objetivo é reduzir a carga sobre os pequenos negócios, ao mesmo tempo em que se mantém a pressão sobre as indústrias com maior responsabilidade em relação às emissões de carbono.
A União Europeia e o Agro: O Caso da Lei Antidesmatamento
Em relação ao setor agrícola, é importante destacar que a legislação antidesmatamento da União Europeia, uma das normas mais rigorosas do bloco, permanece intacta. Embora o prazo para a entrada em vigor tenha sido prorrogado para janeiro de 2026, não há alterações no texto que envolvem aumento da burocracia para os produtores. Isso demonstra que a União Europeia tem uma postura equilibrada, priorizando a preservação ambiental sem sacrificar a competitividade do setor agropecuário.
O Que Esperar da Próxima Etapa?
Essas mudanças propostas pelas comissões da União Europeia ainda precisam ser aprovadas pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Europeu, mas a expectativa é que sejam aceitas em breve, dada a necessidade de adaptação das políticas ambientais à realidade econômica atual. Ao reformular a Diretiva de SG e a Taxa de Carbono de Fronteira, o bloco europeu se mostra comprometido com o equilíbrio entre sustentabilidade e competitividade. A mudança de foco para as grandes indústrias também revela uma intenção de atrair mais parceiros comerciais, permitindo que as empresas de menor porte possam crescer sem o peso de regras complexas.
O movimento da União Europeia de simplificar e redefinir suas políticas de sustentabilidade, ao mesmo tempo em que mantém seu compromisso com a descarbonização, é uma tentativa clara de se posicionar como um bloco competitivo no mercado global, sem comprometer sua agenda ambiental. Para o setor agropecuário, as mudanças nas normas ambientais são, em grande parte, positivas, pois demonstram uma flexibilidade em lidar com as questões ambientais de maneira prática, sem sobrecarregar o setor com regras excessivamente complexas. Fica a expectativa sobre a aprovação das novas diretrizes e seus impactos no mercado europeu.