Créditos de Carbono: Calcular, certificar e vender
Especialistas mostraram como os produtores rurais podem aproveitar as oportunidades do mercado de crédito de carbono, do qual o Brasil deve ser um dos protagonistas
Créditos de Carbono
Nesta terça-feira, 15, o Planeta Campo realizou a primeira live de 2022. Mediada pelo editor-chefe e apresentador Pablo Valler, e intitulada “Como Descarbonizar a Produção e Gerar Oportunidades”, o encontro teve duração de uma hora e explicou como funciona o mercado de carbono.
Especialistas no tema mostraram como os produtores rurais podem aproveitar as oportunidades do mercado de crédito de carbono, do qual o Brasil deve ser um dos protagonistas pelo volume de preservação de vegetação nativa, geração de energia renovável e boas práticas de manejo na agricultura e pecuária.
O início da discussão mostrou como os extremos climáticos têm demonstrado a urgência em reduzir as emissões de gases do efeito estufa. Para o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em mudanças climáticas, Eduardo Assad, o termo mais usado na atualidade é ‘emergência climática’. “Se não fizermos nada, chegaremos a um ponto de não retorno. Ai, as coisas ficarão complicadas”, afirmou.
O especialista relembrou os compromissos durante a COP 26, Conferência Mundial do Clima, ocorrida no último mês de novembro . Durante o evento, o país assumiu uma nova meta climática, mais ambiciosa: passando de 43% para 50% até 2030; e de neutralidade de carbono até 2050.
Plano ABC +
Em seguida, a coordenadora do departamento de produção sustentável do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Fabiana Villa, deu detalhes do Plano ABC +. “O ABC + é uma grande política pública para o setor agropecuário, que vai além da mitigação dos gases do efeito estufa”, afirmou.
O programa é a segunda etapa do Plano ABC, que foi realizado entre 2010 e 2020. Neste período, mitigou cerca de 170 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente em uma área de 52 milhões de hectares, superada em 46,5% em relação à meta estabelecida.
A nova versão, o ABC+, incrementou as metas a serem atingidas para a mitigação de gases de feito estufa. Além de estimular a regularização ambiental e o cumprimento do Código Florestal, o plano promove o ordenamento territorial e a preservação da biodiversidade na propriedade, na região e nas bacias hidrográficas.
Foram incluídas novas tecnologias como bioinsumos, sistemas irrigados e a terminação intensiva de bovinos que vão oferecer mais opções para o produtor aumentar sua resiliência, eficiência produtiva e ganhos econômicos, ambientais e sociais.
Mercado de Carbono
Bruno Teixeira – CEO da Santos Lab, detentora da primeira calculadora de carbono do Brasil, explicou como o mercado de carbono funciona. De acordo com o especialista, a primeira coisa a ser feita é a mensuração. “O primeiro passo para conquistar esse título é mensurar as emissões e os sequestros de carbono de uma propriedade. Ou seja, fazer um inventário de todas as ações da propriedade que emitem ou sequestram carbono”, explicou.
Depois do inventário pronto, é necessário avaliar o saldo. Caso esteja negativo, deverá compensar de alguma forma. Por exemplo, criando corredores ecológicos através do plantio de árvores na propriedade.
Feita a compensação e em posse do certificado de neutralidade de emissões, o próximo passo é ‘aposentar’ os dados no Verra, órgão internacional que certifica e valida diversos projetos de crédito de carbono ao redor do mundo. Depois da aposentadoria no órgão, o produtor pode comercializar seu produto com a validação para ser carbono neutro.
“O objetivo final não é que uma propriedade sequestre muito carbono e produza pouco; é que ela tenha uma relação mais eficiente entre a produtividade e a sustentabilidade”, afirmou.
Produção sustentável
O diretor de relacionamento com pecuaristas da JBS, Fábio Dias também participou do debate e explicou alguns dos manejos sustentáveis colocados em prática que, segundo ele, apresentam maior efetividade, como a redução do ciclo na pecuária e o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF).
No Brasil, o tempo médio de abate é de 36 meses. Menos tempo no pasto, significa menos fermentação entérica. Já o sistema de ILPF, que mistura ao menos dois desses sistemas produtivos em uma mesma propriedade, proporciona aumento da arroba produzido por hectare no ano e auxilia na fertilidade do solo.
** Assista a live do Planeta Campo na íntegra **