Joanita Karoleski compartilha insights sobre preservação e a importância do fundo JBS pela Amazônia

Karoleski tem mais de 30 anos de experiência na indústria de alimentos e agronegócio, já ocupou cargos de destaque em grandes empresas do país, sendo inclusive eleita uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina

No Planeta Campo Entrevista desta quarta-feira (4) conversamos com Joanita Karoleski, ex-presidente e atual conselheira do Fundo JBS pela Amazônia.

A entrevista tratou sobre temas como preservação ambiental, filantropia, desenvolvimento econômico, além de enfatizar a importância de práticas sustentáveis para o mundo atual.

Quem é Joanita Karoleski?

Joanita Karoleski, Jbs

Foto: Arquivo pessoal

Joanita é natural da pequena cidade de Botuverá, localizada no leste de Santa Catarina, ingressou precocemente no mundo do trabalho aos 14 anos, assumindo inicialmente a função de professora substituta. Apesar dessa primeira incursão na área da educação, optou por seguir uma carreira técnica, concluindo sua graduação em Ciências da Computação e Informática pela Universidade de Blumenau. Apesar da formação em exatas, Joanita acabou seguindo carreira em posições mais relacionadas ao desenvolvimento humano.

A profissional com mais de 30 anos de experiência na indústria de alimentos e agronegócio, já ocupou cargos de destaque em grandes empresas do país, sendo inclusive CEO da Seara e eleita uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg.

Preservação ambiental

Amazônia, Plantio, Cúpula

Foto: Adriano Gambarini (divulgação/Governo Federal)

Karoleski ressaltou a essencial busca por equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental na região da Amazônia.

Ela argumentou que a conservação do ambiente não é apenas uma responsabilidade moral, mas também uma estratégia econômica inteligente, já que investir em práticas sustentáveis e envolver as comunidades locais pode resultar em benefícios econômicos a longo prazo e na preservação do riquíssimo ecossistema amazônico.

O papel vital das empresas

Floresta Amazônica, Desmatamento, Amazônia

Foto: Agência Brasil

A atual conselheira do Fundo JBS pela Amazônia enfatizou o papel essencial das lideranças empresariais e da iniciativa privada na promoção da sustentabilidade. Ela defendeu que as empresas têm a capacidade de influenciar positivamente a sustentabilidade por meio da adoção de práticas sustentáveis em suas operações, do desenvolvimento de soluções inovadoras e da conscientização pública.

“Empresas não só têm a responsabilidade de minimizar seu impacto ambiental, mas também de contribuir ativamente para a solução dos desafios ambientais e sociais” destacou.

Colaboração

Durante a entrevista, Karoleski também enfatizou a importância da colaboração entre a sociedade civil, ONGs, governos e empresas para promover a sustentabilidade eficaz.

“Cada ator desempenha um papel único, desde fazer advocacy até estabelecer regulamentações e investir em inovações sustentáveis. Quando esses atores trabalham juntos, eles podem criar soluções holísticas para os complexos desafios ambientais e sociais enfrentados hoje, marcando um progresso significativo em direção a um futuro mais sustentável”, disse.

Confira a entrevista completa feita pela apresentadora do Planeta Campo Entrevista, Yahell Bonfim.

Yahell Bonfim: vamos começar, falando um pouco sobre sua carreira no mundo corporativo. Você alcançou conquistas significativas, chegando a ser CEO da Seara, uma das maiores empresas do país. Gostaria que você compartilhasse um pouco sobre as características que acredita terem contribuído para o seu sucesso.

Joanita Karoleski: Primeiramente, obrigada pelo convite, é uma oportunidade incrível estar aqui. Em relação à minha carreira, acredito que algumas características foram fundamentais para chegar onde estou. A primeira delas é a busca incessante pelo conhecimento. Desde cedo, entendi a importância de me preparar e conhecer profundamente as questões técnicas e estratégicas relacionadas ao meu campo de atuação. A busca pelo conhecimento é algo que sempre me impulsionou e me fez evoluir.

Karoleski: Além disso, acredito que compartilhar esse conhecimento é igualmente importante. Ao longo da minha carreira, sempre me dediquei a compartilhar o que aprendia com meus pares, subordinados e equipes. Isso contribuiu para formar equipes de alto desempenho e criar um ambiente de confiança.

Karoleski: Outra característica que considero fundamental é a humildade. Reconhecer que não sabemos tudo e estar disposto a aprender e a ouvir os outros é essencial. Além disso, sempre busquei usar meu conhecimento em prol da coletividade, ajudando a desenvolver pessoas e negócios.

Bonfim: Falando sobre sua trajetória, você decidiu usar seu propósito de vida para trabalhar em prol das comunidades e do desenvolvimento sustentável. Como foi essa transição de carreira e o que a motivou a seguir esse caminho?

Karoleski: Essa transição de carreira foi algo que já estava presente em minha vida mesmo quando estava no mundo corporativo. Sempre dediquei parte do meu tempo para desenvolver pessoas e contribuir para o desenvolvimento das comunidades. Quando olhei para meu propósito de vida, ficou claro que eu poderia usar minha experiência e conhecimento para impactar positivamente o mundo, especialmente em questões ambientais e sociais.

Karoleski: Acredito que temos uma grande oportunidade de unir o capital filantrópico disponível com a expertise da iniciativa privada para gerar soluções sustentáveis. Esse é o trabalho que estamos fazendo no Fundo JBS pela Amazônia. Portanto, essa transição de carreira foi natural e motivada pela vontade de fazer a diferença e contribuir para um mundo melhor.

Bonfim: Uma frase que você mencionou em sua fala é: “O capital filantrópico da iniciativa privada é um importante indutor de conservação e preservação ambiental”. Poderia explicar como essa frase reflete uma realidade e como você tem trabalhado para conscientizar a sociedade sobre esse assunto?

Karoleski: Certamente. Acredito realmente que o capital filantrópico pode ser uma poderosa alavanca para a conservação e preservação ambiental. Quando empresas e iniciativas privadas se unem em prol de causas sustentáveis, podem alavancar recursos e conhecimentos que são essenciais para a preservação de nossos ecossistemas.

Karoleski: No caso do Fundo JBS pela Amazônia, estamos trabalhando em três pilares: cadeias produtivas e pecuária de baixo carbono, bioeconomia e ciência e tecnologia. Esses pilares visam não apenas à preservação ambiental, mas também ao desenvolvimento econômico e social das comunidades locais. Acreditamos que, ao fortalecer a economia e o desenvolvimento humano nas áreas de atuação, reduzimos a pressão sobre os recursos naturais, como a Floresta Amazônica.

Karoleski: É importante conscientizar a sociedade sobre a importância dessa abordagem integrada, na qual a iniciativa privada desempenha um papel crucial ao lado de organizações não governamentais e governos. Juntos, podemos criar soluções sustentáveis que beneficiem a todos.

Bonfim: A preservação ambiental está intrinsecamente ligada ao desenvolvimento econômico e social das comunidades. Como essa relação se estabelece e qual é o papel da renda e da qualidade de vida das pessoas nesse contexto?

Karoleski: A relação entre preservação ambiental, desenvolvimento econômico e qualidade de vida das pessoas é fundamental. Quando as comunidades têm condições adequadas de desenvolvimento humano, isso contribui para uma sociedade mais justa e produtiva. Além disso, a melhoria na qualidade de vida das pessoas reduz a pressão sobre os recursos naturais, como a Floresta Amazônica.

Karoleski: Em regiões como a Amazônia, onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é baixo, é crucial buscar o desenvolvimento econômico que seja compatível com a preservação ambiental. Isso envolve criar oportunidades de emprego, promover a educação e a saúde, e investir em infraestrutura básica. Quando as pessoas têm acesso a uma renda digna e serviços públicos de qualidade, elas têm menos necessidade de explorar de maneira predatória os recursos naturais, como a madeira ilegal ou a agricultura não sustentável.

Karoleski: Portanto, a preservação ambiental está diretamente ligada à melhoria da qualidade de vida das pessoas e ao desenvolvimento econômico das comunidades.

Bonfim: É uma perspectiva muito importante e que destaca a necessidade de um equilíbrio entre esses elementos. No contexto específico da Amazônia, quais são os principais desafios e oportunidades para alcançar esse equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental?

Karoleski: A Amazônia é uma região rica em biodiversidade e recursos naturais, mas também enfrenta desafios significativos. Um dos principais desafios é a pressão sobre a floresta, seja pela exploração madeireira ilegal, pela expansão agrícola desordenada ou pela mineração ilegal. Essas atividades muitas vezes são realizadas às custas da degradação ambiental e da desflorestação.

Karoleski: No entanto, a Amazônia também oferece grandes oportunidades. É possível desenvolver cadeias produtivas sustentáveis, como a pecuária de baixo carbono, a produção de alimentos orgânicos e a bioeconomia, que valoriza os recursos naturais de maneira sustentável. Além disso, investir em ciência e tecnologia pode ser uma alavanca importante para a conservação da Amazônia.

Karoleski: Outro aspecto crucial é envolver as comunidades locais nas decisões e nos benefícios dessas atividades econômicas sustentáveis. Isso promove o desenvolvimento humano e a conservação ao mesmo tempo.

Karoleski: Portanto, o principal desafio é encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental, e as oportunidades estão relacionadas a práticas sustentáveis e à valorização dos recursos naturais.

Bonfim: Você tem sido uma voz ativa na promoção da sustentabilidade e da conservação na Amazônia. Como você vê o papel das lideranças empresariais e da iniciativa privada na promoção dessas questões?

Karoleski: Vejo o papel das lideranças empresariais e da iniciativa privada como fundamental na promoção da sustentabilidade e da conservação na Amazônia e em qualquer lugar do mundo. As empresas têm um poder significativo para influenciar e impulsionar mudanças positivas.

Karoleski: Primeiramente, as empresas podem adotar práticas sustentáveis em suas operações, minimizando seu impacto ambiental e social. Isso inclui a adoção de cadeias produtivas sustentáveis, a redução de emissões de carbono e a responsabilidade social corporativa.

Karoleski: Além disso, as empresas podem desempenhar um papel ativo no desenvolvimento de soluções para desafios ambientais e sociais. Parcerias público-privadas, investimentos em pesquisa e desenvolvimento e a busca por inovações sustentáveis são maneiras pelas quais as empresas podem contribuir para a conservação e preservação ambiental.

Karoleski: Acredito que as empresas também têm a responsabilidade de conscientizar seus públicos sobre a importância da sustentabilidade e do compromisso com a conservação. Isso envolve comunicar de maneira transparente suas ações e seus objetivos nesse sentido.

Karoleski: Portanto, as lideranças empresariais e a iniciativa privada têm um papel crucial na promoção da sustentabilidade e da conservação, e essa é uma responsabilidade que deve ser assumida com seriedade.

Bonfim: O engajamento do setor privado é realmente crucial para enfrentar os desafios ambientais e sociais que enfrentamos hoje. E falando em engajamento, como a sociedade civil, as ONGs e os governos podem colaborar de forma eficaz com as empresas e a iniciativa privada para promover a sustentabilidade?

Karoleski: A colaboração entre a sociedade civil, as ONGs, os governos e as empresas é fundamental para promover a sustentabilidade. Cada um desses atores tem um papel único a desempenhar. As ONGs desempenham um papel importante ao fazer advocacy, ao fiscalizar o cumprimento de regulamentos ambientais e sociais e ao mobilizar a sociedade em torno de questões críticas. Elas também podem atuar como parceiras críticas para as empresas, fornecendo conhecimento especializado e ajudando a desenvolver soluções sustentáveis.

Karoleski: Os governos desempenham um papel fundamental ao estabelecer regulamentações e políticas que incentivem práticas sustentáveis e penalizem a exploração predatória. Eles também podem fornecer incentivos financeiros para projetos de conservação e preservação.

Karoleski: As empresas podem contribuir com recursos financeiros, conhecimento técnico e experiência operacional. Além disso, podem ser motores de inovação, desenvolvendo novas tecnologias e práticas sustentáveis.

Karoleski: A sociedade civil desempenha um papel crucial ao demandar práticas sustentáveis das empresas e dos governos. A pressão pública e a conscientização são poderosas forças para impulsionar a mudança.

Karoleski: A colaboração entre esses atores é essencial para promover a sustentabilidade de forma eficaz. Quando trabalham juntos, podem criar soluções que abordam os desafios ambientais e sociais de maneira holística.

Bonfim: Com certeza, a colaboração é a chave para enfrentar esses desafios complexos. Joanita, gostaria de agradecer imensamente por compartilhar seus insights e sua experiência conosco hoje. Foi uma conversa extremamente valiosa.

Karoleski: Obrigada a você pelo convite e pela oportunidade de discutir esses temas tão importantes. Espero que nossa conversa inspire mais pessoas a se engajarem na busca por soluções sustentáveis e na conservação de nosso planeta.

Planeta Campo Entrevista

O Planeta Campo Entrevista é um programa semanal que vai ao ar todas às quartas-feiras, às 18h30 na tela do Canal Rural e no Youtube do Planeta Campo.

O projeto traz entrevistas e debates com grandes nomes do agronegócio tendo em foco as ações de sustentabilidade e indicadores ESG além de informações para apoiar o produtor rural a plantar e criar com olhar para o futuro.