Caminhos para a capacitação no campo
Na live desta quarta-feira (22) da Agropecuária do Futuro, especialistas em agro discutiram como promover melhoria contínua e de forma humana
Nesta quarta-feira (22), deu-se início ao segundo dia da série de Lives da Agropecuária do Futuro. O evento que debate temas importantes para solução dos desafios do campo relacionados a sustentabilidade teve hoje como assunto os caminhos para a capacitação no campo.
Participaram do debate Jair Kaczinski, gerente técnico do Senar/SP, Joélcio Carvalho, oficial de Projetos da WFP e Álvaro Dilli, diretor de RH, sustentabilidade e TI da SLC Agrícola.
Capacitação
O conceito de melhoria contínua é parte da rotina em grandes negócios de qualquer setor. Há sempre uma nova possibilidade de aprimoramento, ajustes a serem feitos e testes para garantir que todas as ações sejam realizadas da melhor maneira possível. Gestão é um processo cíclico. Por isso há grande importância de iniciar a implantação de melhorias e continuar se aprimorando.
Muitas empresas se esquecem que o conceito não pode ficar restrito apenas a processos, equipamentos e softwares. Todos estes, claro, devem estar em constante avaliação para identificar possibilidades de aperfeiçoamento, especialmente em um contexto como o do agronegócio, repleto de fatores internos e externos que exercem grande influência sobre o resultado alcançado. Porém, o principal ativo de qualquer organização são as pessoas. Como promover melhoria contínua e humana?
É nesse ponto que entra a capacitação.
De acordo com Dilli, as demandas estão cada vez mais complexas e ainda há pouca capacitação.
“O que a gente tem feito cada vez mais é ter projetos de trainees justamente para poder capacitar com qualidade. Ainda temos que formar operadores, eletricistas, gente que pode mexer com máquinas, mas acima de tudo precisamos de gente com vontade de aprender. Ao longo dessa trajetória vamos construindo a mão de obra e claro gerindo essas pessoas, é importante manter essas pessoas um tempo na empresa para conseguirem evoluir. Tudo isso a gente faz com uma formação dentro de casa mesmo. Mas temos de ter mais centros locais de formação técnica, isso é extremamente importante para que a educação possa evoluir ainda mais.”, diz o diretor.
Já para Kaczinski, o que muitas vezes falta é a oportunidade e o entendimento de quem será o público a ser capacitado, além da divulgação da capacitação.
“Infelizmente a realidade é que muita gente é analfabeta, precisamos começar com a alfabetização, inclusão de informática para aí sim partirmos para o profissional. Nós do Senar/SP, entendemos quem são as pessoas que estamos lidando. Temos hoje 400 treinamentos, capacitamos 160 mil pessoas, 12 mil treinamentos só no ano passado, isso em um ensino não formal, tudo na prática, para operadores de máquina, turismo rural, comercialização online para o produtor, diversas áreas. O desafio as vezes que temos é a capacitação dos instrutores. Treiná-los para que passem esse conteúdo de maneira simples para esses produtores. Assim consegue-se conversar com o trabalhador, o pequeno produtor. Depois desse processo, mantemos eles se recapacitando. É importante acompanhar esse produtor, dar o empenho e gerir ele.”, destaca Kaczinski .
O gerente ainda conta que a construção de um treinamento deve analisar 3 critérios: de quem vai operar, a necessidade da empresa e a necessidade do trabalho para construir um curso. Esse processo não pode ser feito de forma isolada.
Por fim, Carvalho salientou que o campo deve ser atrativo para o produtor. Além disso que a propriedade tenha a capacitação correta para que continue existindo e gerando lucros.
“O campo é atrativo quando tem renda. Por isso é importante a gestão. A tomada de decisão do produtor é às vezes o que mais importa para que ele continue trabalhando. No ambiente rural precisamos garantir que os produtores subsistam, precisa ter qualidade, acesso, segurança. Produzir alimentos é uma atividade muito arriscada porque o produtor coloca tudo que ele tem de capital e joga na terra. Com a capacitação, minimiza que esses riscos possam atingir de maneira devastadora o produtor. Segurança básica de consumo. Outro ponto importante é a aproximação do meio digital as pessoas acabam se interessam mais também, a tecnologia é ponto essencial.”, finaliza o oficial.