COP 28: cooperativismo atua na manutenção da floresta em pé

Exemplos práticos, como a Cooperacre e a Turiarte, evidenciam como o modelo cooperativista promove também união, renda e sustentabilidade,

A participação livre, plena e informada de povos e comunidades tradicionais (PCTs) na construção da agenda climática global é fundamental para garantir que as políticas e iniciativas desenvolvidas sejam adequadas às suas necessidades e interesses.

Nesse sentido, o cooperativismo desempenha papel fundamental, pois está alinhado aos princípios de participação democrática, formação, informação e interesse pelas comunidades.

A afirmação é da analista de Sustentabilidade do Sistema OCB, Laís Nara Castro, que participou nesta terça-feira (5) do painel Proteção, Promoção e Participação de Povos e Comunidades Tradicionais na construção da agenda climática global, realizado no Pavilhão Brasil da 28ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, a COP 28.

Discussão

O painel, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, discutiu como a participação dessas comunidades pode apoiar a construção de protocolos e iniciativas que favoreçam seus modos de vida e compensem os impactos da mudança do clima sobre seus territórios.

Laís destacou que os princípios cooperativistas geram fortalecimento da união, renda e qualidade de vida aos cooperados.

“São, também, características que permitem a manutenção da floresta em pé, principalmente quando falamos das comunidades tradicionais porque geram valor, garantem proteção contra o desmatamento e promovem o fortalecimento da resiliência na proteção do clima nesses territórios”.

Segundo a analista, as organizações sociais são atores-chave na preservação da floresta e no combate às mudanças climáticas e o cooperativismo desempenha papel fundamental nesse contexto.

“Fazemos negócios tendo como foco o bem-estar dos cooperados, a sustentabilidade da atividade desenvolvida e a preocupação com as pessoas e o meio ambiente. O cooperativismo gera renda para a população, preserva a cultura dessas comunidades e garante a proteção das florestas, que são seus principais ativos econômicos”, afirmou.

Como exemplos, Laís citou os cases da Cooperativa Central de Comercialização Extrativista do Acre (Cooperacre) e da Turiarte.

A Cooperacre desenvolve produção florestal sustentável e modernização da cadeia produtiva da castanha-do-brasil, com presença em 18 municípios do estado do Acre. São mais de 2,5 mil famílias reunidas em 12 cooperativas singulares e 25 associações que atuam na proteção ao meio ambiente, asseguram a continuidade da produção local e o progresso econômico sustentável.

“A Cooperacre atua ainda na capacitação de seus cooperados em temas como gestão cooperativa, boas práticas de manejo florestal e beneficiamento da castanha-do-brasil, certificação orgânica, educação ambiental e de gênero”, explicou.

A Turiarte, por sua vez, trabalha na manutenção da floresta em pé, geração de renda, fortalecimento de comunidades e difusão da cultura, da arte e de belezas naturais de forma sustentável a partir de cooperativas de turismo e artesanato.

“Ela foi fundada por membros da comunidade na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns e do Projeto de Assentamento Agroextrativista Lago Grande, no município de Santarém, ambos no estado do Pará e desempenha um papel muito importante ao promover a melhoria da qualidade de vida das comunidades da floresta, desenvolver o turismo de base comunitária e promover o artesanato confeccionado pelas mulheres, como a palha de tucumã”, completou Laís.

Além da analista, o painel contou também com a participação de Júlio Barbosa de Aquino, presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas; Hindou Oumar Ibrahim, co-presidente do Fórum Internacional de Povos Indígenas sobre Mudanças do Clima (IPFCC); e Jana Bischler, diretora de Proteção Social e Mudanças Climáticas da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A mediação foi feita por Raimunda Nonata Monteiro, secretaria-adjunta do CDESS, e por Edel Moraes.