Palavra de Especialista

Governança no agro: O que o G do ESG tem a ensinar sobre o sucesso sustentável no campo

Especialista Renato Rodrigues explica como práticas de governança fortalecem a sustentabilidade, ampliam a visão estratégica e reduzem riscos em propriedades rurais, agroindústrias e startups do agro.

Governança no agro: O que o G do ESG tem a ensinar sobre o sucesso sustentável no campo

Quando se fala em ESG no agronegócio, é comum o foco recair sobre o meio ambiente e o impacto social. Mas, no quadro Palavra de Especialista do programa Planeta Campo, o pesquisador Renato Rodrigues acende o alerta: sem governança, nenhuma empresa — do campo à cidade — consegue prosperar com solidez.

“Governança é a arte de tomar boas decisões”, resume Renato. Ela define quem decide, como decide e com que propósito, garantindo transparência, responsabilidade e visão de longo prazo. No agro, isso pode significar a diferença entre o sucesso de uma transição familiar ou a perda de competitividade em mercados internacionais.

O papel estratégico da governança no agro

De fazendas familiares a cooperativas e agtechs, a governança é essencial para organizar o crescimento, prevenir conflitos internos e mitigar riscos. E, ao contrário do que muitos pensam, ela não é sinônimo de burocracia. “Governança é inteligência na gestão”, destaca o especialista.

Um exemplo prático de aplicação no campo é a criação de conselhos consultivos. Segundo Renato, essa é uma das práticas mais eficazes para profissionalizar a gestão e apoiar decisões com impacto de longo prazo.

Conselhos consultivos: diversidade, estratégia e confiança

Seja na sucessão de uma fazenda, na ampliação da produção de uma agroindústria ou na busca de investidores para uma startup do agro, os conselhos consultivos ajudam a estruturar decisões estratégicas e dar mais segurança aos próximos passos.

Esses conselhos não substituem a liderança, mas trabalham lado a lado com a diretoria, aportando experiência, visão diversa e objetividade. “Eles fortalecem o compromisso com o meio ambiente e com o impacto social, porque ajudam a monitorar práticas, definir metas e garantir que o discurso vire ação”, explica.

Casos reais de transformação no agro

Renato destaca diversos exemplos de empresas que já adotaram essa prática:

  • Fazendas familiares que estruturaram sua sucessão com o apoio de conselhos;
  • Agroindústrias que organizaram sua expansão sustentável e certificações;
  • Startups do agro que conquistaram novos mercados com apoio estratégico;
  • Cooperativas que fortaleceram sua transparência e credibilidade com os associados.

Em todos esses casos, o ponto em comum é claro: boas decisões começam com boa governança.

Como começar a estruturar a governança no campo

Para quem deseja dar o primeiro passo, o especialista sugere:

  1. Formar um conselho consultivo com pessoas de confiança e visão complementar, inclusive externas;
  2. Definir objetivos claros: sucessão, expansão, estratégia ESG, inovação;
  3. Estabelecer encontros regulares (mensais ou trimestrais);
  4. Empoderar o conselho, criando um ambiente respeitoso, de diálogo e construção conjunta.

“O conselho não é um concorrente da liderança. Ele é um parceiro estratégico que ajuda o negócio a crescer com visão e responsabilidade”, reforça Renato.

Governança: o pilar que sustenta o ESG

No fim das contas, o G de governança sustenta os outros dois pilares do ESG. É ele que garante que a sustentabilidade ambiental e o impacto social sejam de fato incorporados à rotina das empresas, e não apenas uma promessa de marketing.

No agro, o sucesso não nasce só na lavoura ou no confinamento: ele também se cultiva na sala de reuniões, com decisões bem pensadas, planejamento estruturado e uma visão de futuro que respeita o presente e prepara o caminho para as próximas gerações.