Guilherme Mello: plano de transição ecológica é estratégica para Brasil
Mello destacou que o mercado regulado de crédito de carbono é um dos grandes aliados para que o plano de transição seja efetivo
O secretário de política econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, concedeu entrevista ao Planeta Campo Entrevista nesta quarta-feira (7) para discutir o plano de transição ecológica do Brasil.
O plano, lançado pelo governo federal em 2023, visa transformar a estrutura produtiva, social e energética do país.
Oportunidades e desafios
Mello destacou que o plano é estratégico para o Brasil por duas razões principais. Em primeiro lugar, ele é uma resposta à urgência ambiental e climática que o país enfrenta.
“As mudanças climáticas já estão causando impactos severos no Brasil, como eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade e degradação ambiental. O plano visa mitigar esses impactos e promover a sustentabilidade ambiental do país. Em segundo lugar, o plano é uma oportunidade para o Brasil aproveitar as oportunidades de um mercado global preocupado com a economia sustentável” disse.
O mundo está cada vez mais exigindo produtos e serviços sustentáveis, e o Brasil tem um potencial enorme para atender a essa demanda. Por isso, o plano visa posicionar o Brasil como um líder global na economia sustentável.
Finanças sustentáveis
O secretário de política econômica falou sobre as ações do governo federal para viabilizar o plano de transição ecológica.
“Um dos eixos mais importantes do plano é o das finanças sustentáveis. Nesse eixo, o governo está desenvolvendo instrumentos financeiros que incentivem a adoção de práticas sustentáveis. Um exemplo desses instrumentos é o mercado regulado de crédito de carbono. Esse mercado permite que empresas e indivíduos compensem suas emissões de gases de efeito estufa comprando créditos de carbono de outras empresas que estão reduzindo suas emissões”.
Mello destacou que o mercado regulado de crédito de carbono tem um potencial de reduzir significativamente os recursos necessários para os investimentos em descarbonização.
O Brasil tem uma vantagem competitiva nesse mercado, pois já é um líder na produção de biocombustíveis, como o etanol e o biodiesel.
Bioeconomia
Outro eixo importante do plano de transição ecológica é o da bioeconomia que visa valorizar os recursos biológicos, como plantas, animais e microorganismos.
Segundo Mello, o Brasil tem um potencial enorme para se tornar um líder global na bioeconomia. O país tem uma rica biodiversidade e uma longa tradição de produção agrícola e florestal sustentável.
O secretário de política econômica citou o hidrogênio verde como um exemplo de oportunidade para o Brasil na bioeconomia.
“O Brasil tem uma vantagem competitiva na produção de hidrogênio verde, pois já tem uma matriz energética limpa, com cerca de 90% de fontes renováveis”, destacou.
Desafios
Apesar das oportunidades, o plano de transição ecológica também enfrenta desafios. O principal desafio é o financiamento. O plano requer investimentos significativos, que podem ser difíceis de obter.
Além disso, o plano enfrenta resistência de setores da sociedade que não estão preparados para as mudanças necessárias.
Mello destacou que o sucesso do plano de transição ecológica depende da mobilização de todos os setores da sociedade para superar os desafios e aproveitar as oportunidades.
Quem é Guilherme Mello?
Mestre em Economia Política pela PUC/SP e doutor em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas. Foi coordenador do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Econômico do IE-Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e é professor do Instituto de Economia da Unicamp.