ONU diz que emissões de CO₂ precisam cair 42% até 2030

Para atingir a meta de 1,5 °C, proposto pelo Acordo de Paris, o mundo precisa de métodos adicionais para remover CO₂ da atmosfera, segundo o relatório

As emissões de gases de efeito estufa precisam cair 42% até 2030 para haver 50% de chances de atingir o limite estabelecido pelo Acordo de Paris de elevação de 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais. É o que diz o Relatório Anual de Lacuna de Emissões 2023, divulgado nesta segunda-feira (20/11) pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) da ONU.

Segundo o relatório, todos os países teriam de fazer muito mais, já que as medidas que tomaram até agora não foram suficientes e conduzirão a um aquecimento global de 2,5 °C a 2,9 °C até ao final do século.

“Nenhuma pessoa ou economia do planeta é poupada das alterações climáticas. Devemos, portanto, parar de estabelecer recordes indesejáveis ​​em termos de emissões de gases de efeito estufa, temperaturas globais máximas e condições climáticas extremas”, disse Inger Anderson, chefe do Pnuma, durante o lançamento do estudo.

Redução de emissões, mais energias renováveis

Energia Solar, Embrapa

Foto: Pixabay

O relatório mostra que se todo o petróleo dos campos atualmente existentes e planejados for extraído e queimado, o limite de 1,5 °C já não poderá ser mantido. Se todas as reservas de gás e carvão também forem extraídas e queimadas conforme previsto, também o cumprimento do limite de 2 °C se tornaria irreal.

O relatório da ONU considera positivo que muitas formas de energia renovável ​​já estejam disponíveis para substituir os combustíveis fósseis.

“Dispomos de muitas tecnologias comprovadas. Elas são econômicas e competitivas em relação aos combustíveis fósseis. Elas só precisam ser implantadas em um ritmo e escala sem precedentes”, disse Olhoff.

Segundo o relatório, “a energia limpa oferece oportunidades significativas para países de baixa e média renda. Isto pode criar novas oportunidades de receitas para a indústria e novos empregos”.

Retirada de CO₂ da atmosfera

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Foto: Envato

Mas, para atingir a meta de 1,5 °C, o mundo precisa, além da transição energética, de métodos adicionais para remover CO₂ da atmosfera.

Segundo o relatório da ONU, cerca de dois bilhões de toneladas de CO₂ são atualmente removidas da atmosfera todos os anos através do reflorestamento e da gestão florestal.

Até 2050, seria necessário capturar três vezes mais CO₂ para que o mundo se torne neutro em termos climáticos.

O relatório recomenda a expansão de métodos inovadores de extração, como a remoção de CO₂ do ar e seu posterior armazenamento em rochas.

Por exemplo, biochar, ou biocarvão, poderia ser produzido a partir de biomassa, como resíduos de madeira e agrícolas. O material sequestra carbono e pode ser introduzido no solo na agricultura, o que, ao mesmo tempo, aumenta a fertilidade e pode ajudar a reduzir as secas ao armazenar água.

Os autores consideram que vários processos inovadores têm capacidades adicionais de remoção de carbono de quatro bilhões de toneladas de CO₂ por ano até 2050.

Urgência de ação

O relatório da ONU conclui que “é realmente uma questão de ‘agora ou nunca’ manter a marca de 1,5 °C”.

“Se não agirmos agora, as consequências serão catastróficas”, disse Olhoff.

“Teremos que lidar com secas, inundações, incêndios florestais e outros desastres climáticos cada vez mais graves. Milhões de pessoas serão deslocadas e morrerão.”

O relatório foi lançado às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023, a COP28, que será realizada em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, de 30 de novembro a 12 de dezembro.

Por Estadão Conteúdo