Países ricos deveriam pagar US$ 170 trilhões em reparações climáticas, diz estudo

Uma das questões mais desafiadoras é como exatamente os países ricos deveriam compensar os países em desenvolvimento pelas perdas e danos causados pelas mudanças climáticas

As mudanças climáticas são uma realidade inegável, e seus impactos são sentidos em todo o mundo. Um estudo recente publicado na revista “Nature Sustainability” levanta a questão crucial sobre quem deve arcar com as responsabilidades pelas emissões excessivas de gases de efeito estufa que contribuíram significativamente para essas mudanças climáticas.

A pesquisa sugere que países ricos, historicamente responsáveis por essas emissões, deveriam pagar uma quantia de US$ 170 trilhões em reparações climáticas até 2050.

O que são mudanças climáticas?

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Mudanças climáticas referem-se às alterações significativas e de longo prazo nos padrões médios de temperatura, precipitação, ventos e outros elementos do clima de um determinado local ou da Terra como um todo.

Essas mudanças climáticas são influenciadas por fatores naturais e atividades humanas, com destaque para o aumento das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera.

As mudanças climáticas podem ocorrer em diferentes escalas de tempo, desde variações sazonais até mudanças ao longo de milênios. No entanto, quando se fala em mudanças climáticas atualmente, geralmente se refere ao aquecimento global observado nas últimas décadas, que é impulsionado principalmente pelas atividades humanas.

As principais causas das mudanças climáticas contemporâneas incluem:

  1. Emissões de Gases de Efeito Estufa:
    • A queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, gás natural) para energia, bem como outras atividades industriais, liberam gases como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O).
    • Esses gases retêm o calor na atmosfera, criando o chamado “efeito estufa”, que leva ao aumento das temperaturas globais.
  2. Desmatamento e Mudanças no Uso da Terra:
    • A remoção de florestas alteram a capacidade do ambiente de absorver CO2 da atmosfera, contribuindo para o aumento das concentrações de gases de efeito estufa.
  3. Uso de Energia e Indústria:
    • O uso intensivo de energia não renovável e processos industriais que liberam gases de efeito estufa contribuem para o aumento das emissões.

Os impactos das mudanças climáticas são vastos e incluem:

  • Aquecimento Global: Temperaturas médias mais altas em todo o mundo, afetando os padrões climáticos, eventos extremos e os ecossistemas.
  • Elevação do Nível do Mar: O derretimento das calotas polares e geleiras, combinado com a expansão térmica da água do mar, contribui para o aumento do nível do mar, ameaçando áreas costeiras.
  • Eventos Climáticos Extremos: O aumento da frequência e intensidade de eventos como tempestades, secas, inundações e ondas de calor.
  • Impactos na Biodiversidade: Alterações nos habitats e nas condições climáticas afetam a distribuição de espécies, ameaçando a biodiversidade.
  • Impactos Socioeconômicos: Mudanças no suprimento de água, segurança alimentar, migração forçada e impactos na economia e infraestrutura.
  • Riscos à Saúde: Aumento das doenças relacionadas ao calor, propagação de doenças transmitidas por vetores e outros impactos na saúde humana.

Para combater os efeitos adversos das mudanças climáticas, são necessárias ações de mitigação (redução das emissões) e adaptação (preparação para as mudanças inevitáveis).

Responsabilidade dos países ricos

Terra

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As mudanças climáticas não são um fenômeno natural, mas sim o resultado direto das emissões excessivas de gases de efeito estufa na atmosfera, como visto anteriormente. Historicamente, países ricos e industrializados tiveram uma contribuição desproporcional para esse problema. Essa responsabilidade foi reconhecida na Cúpula da Terra em 1992, que deu origem à governança climática internacional.

Na época, foram criados dois regimes diferentes: um para que os países ricos cumprissem sua responsabilidade pelas emissões do passado e outro para países em desenvolvimento.

Em 2015, durante a Conferência de Paris, esses regimes foram nivelados, e todos os países se comprometeram igualmente a cumprir os objetivos de combate às mudanças climáticas. No entanto, recentemente, começou a surgir novamente a discussão sobre o papel diferenciado dos países ricos.

Como pagar a conta?

Dinheiro

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Uma das questões mais desafiadoras é como exatamente os países ricos deveriam compensar os países em desenvolvimento pelas perdas e danos causados pelas mudanças climáticas.

“Em discussões internacionais, tem surgido a ideia de criar um Fundo de Perdas e Danos Internacional, financiado pelos países ricos como uma forma de reparação.

Um estudo recente aponta uma metodologia para calcular a responsabilidade dos países ricos com base em seu consumo de energia e emissões per capita. Esse cálculo mostra que os países ricos se apropriam de três vezes mais espaço na atmosfera para emissões do que o restante do mundo. Como resultado, eles retiraram dos países em desenvolvimento metade da capacidade que esses países teriam para se desenvolver.

O estudo chega a uma conclusão surpreendente: os países ricos deveriam pagar a quantia de US$ 170 trilhões até 2050 como compensação pelos danos causados às nações em desenvolvimento. Essa conta seria dividida em prestações anuais de US$ 6 trilhões.

A importância do debate

O debate sobre a compensação climática continua a evoluir, e ainda não há um consenso entre os países sobre como distribuir essa responsabilidade. No entanto, à medida que a ciência avança, critérios e condições mais precisos estão sendo desenvolvidos para mensurar a responsabilidade dos países ricos com base em suas emissões históricas.

“O impacto das mudanças climáticas é uma realidade global que afeta milhões de vidas. A questão crucial é quem deve pagar a conta por esses impactos. Embora não haja um consenso definitivo, a discussão sobre a compensação climática é essencial para garantir um futuro mais sustentável para todas as nações do mundo. A responsabilidade recai sobre os ombros dos países ricos, que historicamente contribuíram para o problema das mudanças climáticas”, finaliza Vargas.