Pecuária: manejo rotacionado permite que produtores dobrem criação de gado com menos trabalho

A pecuária rotacionada está mudando a vida dos produtores no Pará, otimizando a produção, preservando o solo e a floresta amazônica

Em Novo Repartimento, no Pará, uma região da Transamazônica, encontra-se o segundo maior assentamento de pequenos produtores rurais da América Latina, conhecido como Tuere, onde mais de 3 mil famílias testemunham as transformações na floresta amazônica.

A principal atividade econômica nesse assentamento é a pecuária, com ênfase no modelo de manejo rotacionado, que tem trazido melhorias significativas para os produtores da região.

Alaion de Jesus Lacerda Sousa, um produtor rural local, destaca as vantagens desse novo enfoque. Ele afirma:

“Aumentou significativamente porque antes criávamos cerca de cinco cabeças em 1 hectare, mas hoje já criamos o dobro. O trabalho é mais eficiente, e as cercas, que costumavam ser um desafio, agora são mais acessíveis. Com 1 km de cerca convencional custando cerca de R$20.000, o mesmo comprimento de cerca no manejo rotacionado sai por apenas R$5.000, representando uma economia significativa.”

Quais os benefícios para a pecuária?

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Foto: Mapa

O manejo rotacionado envolve a subdivisão da pastagem em piquetes, resultando em uma nutrição aprimorada para o rebanho. Além disso, contribui para a renovação da pastagem, mantendo o solo conservado e nutritivo. Cidson Chaves de Cerqueira, analista de campo, observa.

“Para o produtor, essa abordagem é vantajosa, pois resulta em um maior ganho de peso do rebanho e permite uma colheita mais eficiente. O gado fica mais dócil, tornando o manejo mais viável. Além disso, fornece água de qualidade, o que tem um impacto direto no peso final dos animais destinados ao abate.”

A assistência técnica a Alaion e outros produtores do assentamento é fornecida pelo RestaurAmazonia, um projeto da Fundação Solidaridad apoiado pelo Fundo JBS pela Amazônia. Essa iniciativa promove a pecuária sustentável e a conservação florestal.

Andrea Azevedo, diretora-executiva do Fundo JBS pela Amazônia, destaca a importância desse projeto.

“Este é o maior projeto apoiado pelo fundo e tem proporcionado resultados notáveis. Ele envolve pequenos produtores na agricultura de baixo carbono, superando as principais barreiras enfrentadas pela agricultura familiar: falta de assistência técnica, crédito e tecnologia, bem como insumos acessíveis. Esse projeto beneficiará 1.500 produtores, não apenas melhorando suas propriedades, mas também servindo como modelo para toda a região amazônica, representando o maior projeto de assistência técnica para agricultores familiares no Estado do Pará.”

O manejo rotacionado não apenas otimiza a produção pecuária, mas também contribui para a conservação da Amazônia, oferecendo um exemplo concreto de como a agricultura sustentável pode prosperar em harmonia com o ambiente natural.

Essa abordagem tem o potencial de beneficiar não apenas os produtores locais, mas também de servir como um modelo para práticas agrícolas mais sustentáveis em toda a região. O manejo rotacionado está trazendo uma mudança positiva para a pecuária no Pará, criando oportunidades para o desenvolvimento rural e a conservação da Amazônia.