Startup brasileira leva inteligência artificial para o rastreio de proteína halal

A startup tem o objetivo de tornar todo o processo produtivo da proteína animal com certificação halal completamente transparente

A startup brasileira Ecohalal inovou ao aplicar a tecnologia das criptomoedas no processo de produção do ancestral e rigoroso sistema nutricional halal – um mercado que importou US$ 200 bilhões em 2021, de acordo com o State of the Global Islamic Economy Report 2022, produzido pela DinarStandard com apoio do Departamento de Economia e Turismo de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Subsidiária da Ecotrace, que está investindo R$ 4 milhões para incorporar a solução de rastreabilidade baseada em blockchain, IA e visão computacional a startup tem o objetivo de tornar todo o processo produtivo da proteína animal com certificação halal completamente transparente.

Proteína

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Foto: Envato

Com estreia da operação prevista para o primeiro trimestre de 2024 e com expectativas de aplicar a tecnologia em 50% das exportações de frango e 80% das de bovino certificados do Brasil ainda no primeiro ano, a Ecohalal já nasce com parceria fechada com a FAMBRAS, uma das principais certificadoras halal do país.

“O Brasil possui uma forte presença no setor e ao combinarmos esta certificação, que intrinsecamente segue diretrizes ESG, com um rastreio que acompanha desde o campo até o supermercado, oferecemos uma oportunidade para as empresas ampliarem as vendas não apenas para países islâmicos, mas também para uma audiência global que valoriza a ética e a sustentabilidade, com é o caso da Geração Z. Para darmos a atenção que essa fatia de mercado merece, tomamos a decisão de abrir uma subsidiária 100% focada no segmento halal”, diz Flavio Redi, CEO e co-fundador da Ecotrace.

A rastreabilidade não é apenas crucial para a certificação halal, mas uma parte integrante dela. Além do método de abate, este selo leva em conta o bem-estar animal, manejo correto dos resíduos, condições de trabalho dignas, alimentação dos animais, embalagem e transporte. A proposta da Ecohalal é tornar todo esse processo transparente, graças à tecnologia blockchain – em que as informações de cada etapa formam um elo, impossível de ser apagado, que é adicionado aos outros -, permitindo que todos no ecossistema, desde o produtor, passando pelo importador, até o consumidor, tenham acesso a essas informações.

Startup alinhada com a nova fase do mercado Halal

Câmara Árabe

Foto: Câmara Árabe

A Ecotrace lançou a Ecohalal no Global Halal Brazil Business Forum 2023, no dia 24 de outubro em São Paulo, e vai apresentar a solução na 2ª Halal Expo em novembro na Arábia Saudita, que este ano tem como foco particular a busca por inovações e iniciativas sustentáveis para promover o crescimento do mercado halal. Maior evento do segmento no Oriente Médio e Norte da África, reuniu 4500 visitantes de 28 países na edição de 2022.

Esse olhar para a inovação está alinhado a um cenário pós-COVID-19, em que as regulamentações na cadeia de abastecimento alimentar tornaram-se mais rígidas. Adicionalmente, o Instituto de Normas e Metrologia da OIC para os Países Islâmicos (SMIIC) introduziu em 2020 um padrão internacional para a gestão da cadeia halal. A Ecohalal, com sua rastreabilidade baseada em Blockchain, incorpora uma identificação digital única ao produto, monitorada pela Inteligência Artificial com visão computacional e agregada ao estilo IoT, garantindo assim total controle e adaptabilidade.

Sediada em Vinhedo (SP), a Ecotrace desenvolveu a plataforma baseada em tecnologia aceita pelos mercados nacional e internacional para aumentar a confiabilidade na cadeia de suprimentos de commodities. Em operação desde 2019, tem como principais clientes gigantes do setor da proteína animal, como JBS, Sampco, Swift, Seara, Minerva, Frigol, FrigoSul, Rio Maria, entre outros.

Já no mercado têxtil, atua no rastreio do algodão para a Renner, que assumiu compromissos públicos de sustentabilidade até 2030. Até 2022, a Startup recebeu aportes de R$ 5 milhões com a gestora de capital venture KPTL como uma de suas principais investidoras. Foi top 5 por três anos consecutivos na lista 100 Open Startups, figurou na 25 Startups com Potencial de Crescimento em 2022 da Forbes Brasil e ganhou os prêmios iImpact – Latam Positive Impact Startup 2022 e Ibrachina Challenge by igloo Network 2021.

E há bons motivos para desenvolver inovações com vistas a reforçar a confiança no produto brasileiro. Em 2021 o país foi o maior exportador de proteína animal para os 57 países que compõem a Organização para Cooperação Islâmica (OCI). Ainda assim, os US$ 16,5 bilhões negociados correspondem a uma fatia de apenas 8,25% do total importado pelo mercado halal. Com a projeção do Pew Research Center de que a população global muçulmana vá atingir 2,2 bilhões em 2030, o potencial de crescimento é significativo.