99% das propriedades mineiras de café não apresentam evidências de desmatamento
Os resultados demonstram que o café produzido em Minas Gerais apresentam ainda outros indicadores de sustentabilidade, como o excedente de mata nativa nas propriedades
Mais de 99% das propriedades mineiras de café não apresentam evidências de desmatamento. Este foi um dos destaques do desempenho de sustentabilidade da cafeicultura em Minas, apresentado pelo vice-governador, Professor Mateus, durante a Expocafé 2023, em Três Pontas, no Sul de Minas.
Os números estão disponíveis na plataforma SeloVerde MG, desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por meio de Acordo de Cooperação Técnica com o Instituto Estadual de Florestas (IEF).
A partir do cruzamento das informações inseridas no banco de dados da plataforma, foi possível analisar a situação das propriedades em relação à sustentabilidade da produção cafeeira no estado.
O estudo envolveu 115.028 propriedades e evidenciou que nenhum tipo de desmatamento foi feito a partir de 22 de julho de 2008, data-limite estabelecida pelo Código Florestal para autuações de infrações ambientais.
Liderança verde
O vice-governador afirmou que a maior alegria é poder dizer que Minas não é só o principal produtor do grão do mundo, responsável por 20% da produção mundial, mas também produtor sustentável, verde.
“Além de termos a certeza de que mais de 99% da cultura cafeeira não apresentam evidências de desmatamento, Minas Gerais tem mais de 300 mil hectares excedentes em área de preservação nas fazendas de café. Isso é motivo de muito orgulho”, comemorou.
De acordo com Professor Mateus, os resultados alcançados geram inúmeros benefícios para toda a cadeia.
“O produtor rural será melhor remunerado, movimentando a economia de Minas Gerais. Hoje, o grão não está presente apenas no sul do estado, ele está em todas as regiões”, explicou.
A solenidade marca também a assinatura da Portaria Conjunta 1/2023, reconhecendo a ferramenta desenvolvida em parceria com a UFMG – plataforma SeloVerde MG – como instrumento para subsidiar políticas públicas de rastreabilidade e transparência das cadeias produtivas agropecuárias. O documento é assinado pelo secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Thales Fernandes, e da secretária executiva da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Valéria Cristina Rezende.
Repercussão
Os resultados demonstram que o café produzido em Minas Gerais não é oriundo de desmatamento, além de apresentar outros indicadores de sustentabilidade, como o excedente de mata nativa nas propriedades.
Toda a cadeia do café, do produtor ao consumidor final, deve se beneficiar dessa análise sobre a origem sustentável e livre de desmatamento do café produzido em Minas Gerais, em um contexto de novas exigências para a importação de commodities agrícolas aprovadas pelo Parlamento Europeu, mais restritivas em relação à compra de produtos oriundos de áreas desmatadas.
“Esse resultado, de 99% de propriedades legalizadas, é muito importante. A sustentabilidade da cafeicultura mineira tem que ser divulgada para o mundo, que precisa saber que nosso café é sustentável porque nós temos um café realmente verde. Isso deve fortalecer ainda mais as exportações”, afirmou o secretário Thales Fernandes, lembrando que os embarques internacionais do grão bateram novo recorde em 2022.
As análises podem ser acessadas na plataforma SeloVerde MG, de forma individualizada, a partir do número do Cadastro Ambiental Rural (CAR) da propriedade.
O café em Minas
O grão é cultivado em 451 municípios mineiros, ocupando área de 1,3 milhão de hectares. Em 2022, a produção do estado foi de 22 milhões de sacas, representando 43% da safra nacional. Para 2023, a estimativa é de 27,5 milhões de sacas, totalizando 50% da safra nacional.
Principal produto da pauta de exportação do agronegócio de Minas, no ano passado, o café apresentou recorde histórico tanto em relação ao volume quanto receita. O segmento alcançou US$ 6,9 bilhões (45% do valor exportado pelo agro mineiro), com o embarque de 28,5 milhões de sacas. Neste ano, no período de janeiro a abril, a receita com as exportações alcançou US$ 1,7 bilhão, com o envio de 7,7 milhões de sacas.