Projeto visa conservar a Mata Atlântica através do fortalecimento da produção de cacau

A parceria entre o Mapa e a FAO quer revitalizar parte das lavouras presentes na Mata Atlântica além de beneficiar cerca de 3.000 produtores rurais do sul da Bahia

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) lançou nesta segunda-feira (8) o projeto “Conservação da Mata Atlântica por meio do manejo sustentável de paisagens agroflorestais com cacaueiros”.

A parceria visa fortalecer o Sistema Cabruca (modalidade de cultivo agroflorestal que utiliza a sombra de árvores nativas para a produção de cacau), revitalizar lavouras e beneficiar cerca de 3.000 produtores rurais do sul da Bahia. A fase de planejamento e concepção da iniciativa, financiada pelo Global Environment Facility (GEF), será desenvolvida pela FAO e MAPA, com a participação da Comissão Executiva do Plano de Plantações de Cacau (Ceplac).

O evento de lançamento reuniu autoridades do governo brasileiro, nos níveis estadual e municipal, além de representantes de agências das Nações Unidas.

Depois do evento em Salvador, as obras seguem em Ilhéus, onde acontece na terça-feira (9) o Seminário de Coconstrução do Projeto Cacau Cabruca.

Projeto

O projeto, com duração de quatro anos, terá investimento de US$ 4,7 milhões voltado para a conservação da Mata Atlântica, inclusão produtiva e melhoria da qualidade de vida das populações rurais. Além disso, a ideia é também revitalizar 50 mil hectares de cacauais e transformar 1,6 milhão de hectares de paisagens no estado.

O componente de inteligência territorial do projeto proporcionará aos gestores e técnicos públicos informações e análises contextualizadas para os processos de gestão, possibilitando a consolidação da cultura e prática de religação dos fragmentos florestais da Mata Atlântica, bioma preservado nesta região graças ao cultivo do cacau.

Cacau, Mata Atlântica

Foto: Gov.br

Parte dos recursos será destinada a apoiar iniciativas de remuneração por serviços ambientais. Segundo o diretor da Ceplac, Waldeck Araújo, todas essas ações são formas pelas quais a sociedade, em suas diversas representações, pode trabalhar em conjunto com o estado em diferentes instâncias para o desenvolvimento regional sustentável.

Já o representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, enfatizou que alinhar a conservação da biodiversidade com paisagens produtivas é uma das abordagens mais eficazes para manter os serviços ecossistêmicos e o desenvolvimento social das populações rurais.

“A FAO e o GEF, juntamente com a Ceplac e parceiros, vão fortalecer uma prática histórica no sul da Bahia, a produção de cacau no sistema Cabruca associada à conservação da Mata Atlântica. Para a FAO, este projeto é de extrema importância, não só pelo seu aspecto, mas também por possibilitar a expansão e recuperação de áreas degradadas, aumentando a conectividade ecológica apoiada em mecanismos financeiros e geração de renda, o que permitirá que os resultados do projeto sejam sustentáveis ao longo dos anos”, disse Zavala.

O sistema Cabruca tem alto potencial para ser considerado um Sistema de Patrimônio Agrícola Globalmente Importante (GIAHS), promovido globalmente pela FAO. O GIAHS reconhece um sistema vivo e em evolução de comunidades humanas em relação direta com seu meio ambiente.