
O conceito de ESG (Environmental, Social, and Governance), ou em português, Ambiental, Social e Governança, tem ganhado cada vez mais espaço no mercado global. No agronegócio, embora alguns ainda vejam o ESG como uma imposição de mercado ou uma tendência passageira, ele é, na realidade, um diferencial competitivo e uma oportunidade estratégica. Para entender a importância desse conceito no contexto do Agro, o especialista Renato Rodrigues, do Canal Rural, explora as práticas que tornam o Brasil um exemplo mundial de sustentabilidade e boas práticas no campo.
O que é ESG e por que ele é importante no agronegócio?
De maneira simples, ESG é um conjunto de práticas que visa garantir que as empresas sejam geridas de forma responsável, sustentável e ética. O foco em ESG é garantir que os negócios contribuam positivamente para o meio ambiente, para a sociedade e que sigam boas práticas de governança. No agronegócio, essas práticas não são apenas uma forma de atender exigências externas, mas sim um investimento que traz benefícios concretos para os produtores.
O eixo ambiental no agro envolve, por exemplo, o manejo sustentável do solo, a conservação de água, a redução de emissões de gases de efeito estufa e o uso controlado de insumos agrícolas. Práticas como a agricultura de baixo carbono, o plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta e o uso de biológicos (como o controle biológico de pragas e bioinsumos) são exemplos de ações ambientais que já fazem parte do cotidiano dos produtores brasileiros. Além disso, a preservação de vegetação nativa e a restauração de áreas degradadas são componentes essenciais dessa agenda.
Já o eixo social trata das relações da empresa com as pessoas envolvidas na cadeia produtiva, como colaboradores, fornecedores, consumidores e as comunidades do entorno. No contexto do agro, isso pode incluir o respeito às condições de trabalho, a capacitação de pequenos produtores, a inclusão de mulheres e jovens no campo e a promoção de relações éticas com fornecedores. A transparência e a construção de confiança com os consumidores também são pontos fundamentais.
Por fim, o eixo de governança está relacionado à maneira como o negócio é gerido, o que inclui práticas de rastreabilidade da produção, transparência nas negociações, cumprimento de compromissos ambientais e sociais e a implantação de conselhos consultivos nas empresas. Esses pontos contribuem para uma gestão ética, responsável e transparente no agronegócio.
Como o ESG já faz parte do agronegócio brasileiro?
Apesar de parecer algo distante para muitos, as práticas de ESG já estão incorporadas ao dia a dia de muitos produtores no Brasil. Um exemplo claro disso é a rastreabilidade da produção agrícola, que já é exigida por mercados exigentes como os da Europa, Ásia e América do Norte. O Brasil tem avançado bastante nesse aspecto, especialmente em cadeias complexas como a da carne, que envolve desafios específicos em termos de rastreabilidade.
O manejo sustentável tem sido outro ponto de destaque, com a implementação de práticas como a Agricultura de Baixo Carbono, que busca reduzir a emissão de gases de efeito estufa por meio de técnicas como o plantio direto e o controle biológico de pragas. Além disso, a valorização dos pequenos produtores e a capacitação da mão de obra rural são ações que têm se expandido, com empresas e organizações investindo na inclusão social no campo.
ESG é custo ou investimento?
Uma das maiores falácias sobre o ESG no agronegócio é que ele representa um custo adicional. No entanto, a realidade é bem diferente. Segundo Renato Rodrigues, o ESG é, na verdade, um investimento estratégico, que traz ganhos reais para o produtor rural. Adotar práticas sustentáveis e de boa governança contribui para a eficiência operacional, ao otimizar o uso de recursos como água e insumos agrícolas, e abre portas para mercados mais exigentes e dispostos a pagar um preço diferenciado por produtos que atendem a esses requisitos.
Além disso, a adoção de práticas de ESG fortalece a reputação e confiança do produtor perante o consumidor final, que está cada vez mais atento à origem e aos métodos de produção dos alimentos que consome. O setor financeiro também está alinhado com essa tendência, oferecendo linhas de crédito mais vantajosas para empresas que adotam práticas sustentáveis e responsáveis.
Desafios e o futuro do ESG no Agro
Embora o Brasil já tenha um dos agronegócios mais sustentáveis do mundo, ainda existem desafios importantes a serem superados. A erradicação do desmatamento ilegal, a redução da expansão em áreas de vegetação nativa e a recuperação de pastagens degradadas são questões que precisam de mais atenção. Além disso, a participação dos produtores em programas de crédito de carbono, como o programa “Juntos pelo Clima”, conduzido pela Terra Nova, também é uma área que requer mais engajamento.
ESG no agronegócio é um diferencial estratégico
Adotar práticas de ESG não é mais uma questão opcional no agronegócio, mas uma exigência crescente do mercado global. Como Renato Rodrigues enfatiza, o Brasil já está no caminho certo e, com a contínua adoção de práticas responsáveis e sustentáveis, temos o potencial de liderar a agenda ESG no setor agrícola mundial. Para os produtores, o ESG não deve ser visto como um custo, mas como um investimento que traz vantagens competitivas, abre novos mercados e fortalece a sustentabilidade do agro brasileiro.