21ª Agrobalsas

Certificação e inovação impulsionam soja sustentável no Maranhão

Certificação RTRS, plantio direto e presença de abelhas mostram como a soja do Maranhão alia produtividade e sustentabilidade.

Certificação e inovação impulsionam soja sustentável no Maranhão

A cidade de Balsas, no sul do Maranhão, sedia nesta semana a 21ª edição do Agrobalsas, considerado o maior evento do agronegócio da região Nordeste. Entre os principais temas discutidos, a soja sustentável tem ganhado destaque por adotar critérios ambientais, sociais e econômicos cada vez mais exigentes — e com bons resultados no campo.

Com uma produção crescente certificada pelo selo RTRS (Associação Internacional de Soja Responsável), a região mostra que é possível crescer sem desmatar. Atualmente, 20% da área plantada com soja no estado já possui a certificação internacional, e esse número deve chegar a 30% nos próximos anos. A tendência se estende também ao Piauí, outro estado forte na produção do Matopiba.

Plantio direto e agricultura regenerativa transformam o solo

Durante a feira, o pesquisador João Carlos Sá, presidente da comissão técnico-científica da Federação Brasileira do Sistema de Plantio Direto, destacou que o Brasil já soma 36 milhões de hectares com esse modelo de manejo. No entanto, apenas 10% seguem todos os princípios fundamentais: revolvimento mínimo do solo, cobertura permanente e rotação de culturas.

Levantamentos feitos em 63 propriedades rurais mostraram que em 16 delas, o solo recuperou mais carbono do que havia na floresta original. Outras 37 áreas apresentaram recuperação superior a 80%. Para o pesquisador, o plantio direto é uma das chaves para frear o desmatamento: “Expandir um hectare com plantio direto evita o desmatamento de outro hectare de mata nativa”, explica.

Economia verde e presença das abelhas ampliam rentabilidade

Outro nome de peso no Agrobalsas foi o professor Xico Graziano, defensor da economia verde e da modernização sustentável do agro. Segundo ele, a tecnologia permite unir produtividade e conservação: “A sustentabilidade era um discurso, agora virou prática com base científica”.

Graziano também chamou atenção para o papel das abelhas na produtividade da soja. Embora a oleaginosa não dependa diretamente da polinização, áreas com apicultura integrada apresentam ganhos de até 14% na produção. “O agricultor do futuro será parceiro das abelhas”, resume.

Certificação RTRS cresce com apoio técnico no campo

Na entrada ao vivo direto do evento, o repórter Marcius Ariel conversou com Cid Sanches, consultor da RTRS no Brasil. Ele explicou que a certificação considera 108 indicadores de sustentabilidade, envolvendo boas práticas agrícolas, trabalhistas e ambientais. Para obter o selo, as fazendas passam por auditorias externas, muitas vezes internacionais, que validam os critérios adotados.

O trabalho da FAPCEN (Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte) tem sido decisivo nesse processo. A entidade atua junto aos produtores para prepará-los, garantindo mais adesão ao modelo e acesso a mercados internacionais, como o europeu e o de pescados da América Central, que exigem ração feita com soja certificada.

Agrobalsas 2025 fortalece a troca de conhecimento no Matopiba

Além da presença de especialistas e da apresentação de tecnologias, o Agrobalsas é uma oportunidade para produtores acessarem informações de qualidade diretamente com os pesquisadores e consultores. Segundo Sanches, esse contato pessoal ainda faz toda a diferença: “Mesmo com redes sociais, estar presente e tirar dúvidas com quem entende ainda é insubstituível”, afirma.

O evento se consolida como o principal encontro técnico do agronegócio nos quatro estados do Matopiba e mostra que o futuro do setor está cada vez mais voltado à agricultura regenerativa, rastreável e com responsabilidade socioambiental.