Palavra de Especialista

ESG no agro: O que muda quando o campo leva a sigla a sério

Quando adotado com seriedade, o ESG transforma o agronegócio em uma potência agroambiental, afirma Renato Rodrigues no Palavra de Especialista.

ESG no agro: O que muda quando o campo leva a sigla a sério

Nas últimas semanas, o quadro Palavra de Especialista mergulhou no universo do ESG com o engenheiro agrônomo Renato Rodrigues, e o episódio de encerramento da série trouxe uma provocação central: o que muda quando o agro leva o ESG a sério? Segundo o especialista, essa transformação começa pela mentalidade. ESG não é filantropia, nem burocracia. É estratégia competitiva, redução de riscos, acesso a financiamentos verdes e reconhecimento global.

Renato explica que muitas vezes o produtor rural ainda vê o ESG como algo distante, limitado às grandes corporações. Mas esse pensamento está ultrapassado. “A propriedade rural é uma empresa. E como tal, precisa adotar práticas de ambiental, social e governança no seu dia a dia. Isso é o que garante decisões mais duradouras e inteligentes”, reforça.

Conselho consultivo: uma chave para a mudança no campo

Uma das ferramentas mais eficazes para incorporar o ESG nas propriedades rurais, segundo Renato, é a criação de conselhos consultivos. Essa estrutura ajuda o produtor a tomar decisões com mais segurança e visão de longo prazo, ao contar com o apoio de especialistas em carbono, inovação, finanças sustentáveis, mercado internacional e planejamento estratégico.

“Quem tem um conselho não navega sozinho. Além de contribuir para a gestão e governança, ele também pode ajudar em temas complexos como sucessão familiar”, explica o especialista. Para ele, esse tipo de suporte profissional conecta o sistema de produção ao sistema de valor, unindo a operação rural às demandas de clientes e investidores.

ESG como plano de ação e o papel da comunicação

Mas o ESG precisa sair do discurso e virar prática. Renato reforça que estratégias de descarbonização, adoção de tecnologias de baixo carbono, uso de métricas de rastreabilidade e práticas regenerativas já são exigidas em mercados internacionais — e quem não se adaptar pode perder espaço.

Além disso, ele chama atenção para um ponto crucial: a comunicação estratégica. Segundo ele, o agro precisa se comunicar melhor, com consistência entre o que se faz e o que se fala. “Não adianta defender sustentabilidade na rede social e fechar os olhos para práticas ruins entre vizinhos. Quem faz certo precisa mostrar, mas também precisa cobrar de quem não cumpre a lei”, alerta.

A reputação do agro é coletiva

Renato deixa claro que o ESG não é modismo, mas um novo código de conduta. “Quem lidera precisa ter coragem de se posicionar. Não dá mais para tratar quem desmata ilegalmente como uma exceção aceitável. O setor todo paga a conta da má reputação”, afirma.

Por isso, ele defende que a reputação do agronegócio é coletiva e deve ser construída com base na transparência, responsabilidade e visão estratégica. “O futuro exige mais do agro. E o Brasil pode ser uma potência agroambiental. Mas ainda não é. Para chegar lá, o setor precisa investir de verdade em ESG”, conclui.

Governança como base da longevidade dos negócios

Para Renato, o grande diferencial do ESG está na governança. É por meio dela que se gera valor e se constrói a longevidade dos negócios rurais. “Com metas claras, apoio técnico e comunicação honesta, quem adotar o ESG com seriedade vai prosperar. Quem resistir, vai perder espaço”, resume.

A fala do especialista encerra a série com um recado direto ao produtor rural: o ESG não é o futuro — é o presente do agronegócio brasileiro.