Nem sempre quem produz mais arrobas por hectare é quem ganha mais dinheiro no fim da safra. Esse é o alerta do consultor Rodrigo Gennari, no quadro Gestão Eficiente desta semana. Segundo ele, o segredo da rentabilidade na pecuária está no controle do desembolso por cabeça e por arroba produzida, e não apenas na produtividade bruta da fazenda.
Um levantamento do Instituto Integra revela essa realidade de forma clara: enquanto uma propriedade produziu 97 arrobas por hectare e teve baixo retorno, outra com apenas 57 arrobas foi a mais rentável do benchmarking. O diferencial? Controle de custos e eficiência na produção.
Eficiência é produzir com margem, não apenas volume
Para Gennari, o produtor precisa focar em indicadores produtivos e financeiros para garantir que o que é produzido realmente gera retorno. “Você tem que produzir com margem. Um bom desempenho de GMD (ganho médio diário), lotação ajustada e controle de pasto fazem toda a diferença”, afirma.
Ele explica que um dos cálculos mais usados para medir a eficiência do desembolso é baseado no preço da arroba: “Se a arroba está a R$ 300, você pode gastar até R$ 21 para cada 100g de ganho, o que representa 7% do valor da venda. Se o animal ganha 400g por dia, o teto de custo diário seria R$ 84.”
Essa lógica simples ajuda o produtor a saber se o sistema está ajustado e rentável. O controle do desembolso garante que a arroba produzida seja mais barata e, consequentemente, que a margem de lucro aumente.
Manejo de pasto é o grande aliado do custo baixo
Entre os pilares que sustentam um desembolso equilibrado, o manejo de pasto aparece como a principal estratégia. “No pasto, a produção sempre é mais barata. Um pasto bem manejado, com controle de lotação e adubação quando necessário, reduz o custo por arroba e melhora o ganho animal”, pontua Gennari.
Além disso, é essencial que o pecuarista monitore de perto todos os custos por cabeça e por arroba produzida. “Não adianta só saber quanto você está produzindo. É preciso saber quanto está gastando para produzir. Quem faz isso bem, termina a safra no azul.”
A resposta final: quem desembolsa melhor, ganha mais
O recado de Rodrigo Gennari é direto: quem ganha dinheiro é quem controla o desembolso, não quem produz mais. Produzir muito sem controle pode levar a prejuízo, enquanto produzir de forma eficiente, com boa margem e gestão, garante sustentabilidade e lucro no campo.
Para alcançar esse equilíbrio, o consultor reforça três pontos:
- Controle de indicadores produtivos (GMD, lotação, arrobas/ha)
- Gestão financeira rigorosa, especialmente do custo por arroba
- Manejo eficiente de pastagens
Com esses cuidados, a rentabilidade na pecuária deixa de ser uma incerteza e passa a ser resultado de estratégia, controle e decisão consciente.