Brasil e França anunciam programa de R$ 5,4 bi para bioeconomia na Amazônia
Durante a reunião, foram assinados dois importantes documentos: o “Plano de ação sobre a bioeconomia e a proteção das florestas tropicais” e o “Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além”
Em um encontro na cidade de Belém (PA), nesta última quarta-feira (27) o presidente do Brasil, Lula, e o presidente da França, Emmanuel Macron, anunciaram um investimento de 1 bilhão de euros (cerca de R$ 5,4 bilhões) destinado à bioeconomia na Amazônia brasileira e na Guiana Francesa.
Este movimento consolida uma parceria estratégica para combater a mudança climática e promover a sustentabilidade nas regiões.
Durante a reunião, foram assinados dois importantes documentos: o “Plano de ação sobre a bioeconomia e a proteção das florestas tropicais” e o “Chamado Brasil-França à ambição climática de Paris a Belém e além”.
Esses acordos visam fortalecer a luta contra o desmatamento e incentivar práticas sustentáveis.
Em entrevista ao Planeta Campo, o advogado especialista em ESG e comércio internacional, Bruno Galvão, pediu cautela quanto a parceria, mas reforçou que ela pode ser importante para ambos os países.
“A gente ainda está no começo dessa iniciativa. Falta detalhe para entendermos exatamente o escopo disso. Ainda estamos numa fase inicial, pouco concreta. É importante termos bons projetos e estruturas que sejam adequadas, para que essas atividades não fiquem às moscas quando acabarem os holofotes. Eu diria que sim, é muito importante um sinal como esse, não só pelo volume do investimento, que é considerável, mas principalmente pela simbologia disso. Ter a França como parceira na discussão sobre sustentabilidade é importante. Ela tem um peso grande aqui dentro da Europa, geopoliticamente falando.”
Investimentos em bioeconomia
O plano de ação inclui uma robusta parceria técnica e financeira entre instituições brasileiras e francesas, visando angariar 1 bilhão de euros para o desenvolvimento da bioeconomia na região amazônica. Este esforço contará com a colaboração de bancos públicos como o BNDES e o Banco de Desenvolvimento da Amazônia, além da Agência Francesa de Desenvolvimento.
Com relação ao âmbito climático, Lula e Macron enfatizaram a urgência de revisar e publicar metas climáticas ambiciosas antes da COP30, visando limitar o aquecimento global a 1,5 °C. Uma das propostas, é zerar o desmatamento em todo o Brasil até 2028. Apesar dessa intenção, a medida fere o Código Florestal Brasileiro vigente, além de possivelmente punir produtores rurais que promovem o desmatamento de maneira legal em sua propriedade e de acordo com a legislação.
“Se você quer que não haja desmatamento, será imprescindível valorizar economicamente a floresta em pé. Somente quando tivermos um mecanismo adequado de remuneração por esse serviço ambiental prestado é que conseguiremos realmente alcançar esse objetivo. E, nesse sentido, é muito bem-vindo esse investimento de mais de 5 bilhões de reais que pode servir inclusive para remunerar esse proprietário que tenha o interesse de prestar esse serviço”, diz o advogado
Durante o encontro ainda houve o lançamento de uma coalizão para combater o greenwashing no mercado de carbono, com o objetivo de concluir as negociações sobre o Artigo 6 do Acordo de Paris até a COP29, criando um mercado de carbono regulado e transparente.