Fazenda de Minas Gerais inova produzindo café carbono negativo

Para cada quilo de café produzido na fazenda, cerca de 4 quilos de carbono são removidos da atmosfera

Em Monte Santo, Minas Gerais, uma fazenda de café está produzindo um produto com um diferencial importante: é carbono negativo. Isso significa que a produção de café na fazenda está removendo mais carbono da atmosfera do que emitindo.

A fazenda Viola, que pertence ao empresário Carlos Pellicer, adota uma série de práticas sustentáveis para alcançar esse resultado. Entre elas, estão:

  • Manutenção da cobertura do solo nas entrelinhas do café: isso ajuda a evitar a erosão e a manter a umidade do solo, o que reduz a necessidade de irrigação e de fertilizantes.
  • Uso de biológicos: os fertilizantes e defensivos agrícolas químicos são substituídos por produtos biológicos, que são mais eficientes e menos agressivos ao meio ambiente.
  • Uso de compostagem: a compostagem é feita com resíduos da fazenda, como esterco, palha e casca de café. O composto é usado como adubo, o que aumenta a fertilidade do solo e reduz a necessidade de fertilizantes químicos.
  • Preservação de vegetação nativa: a fazenda tem uma área significativa de vegetação nativa preservada, o que ajuda a absorver carbono da atmosfera.

Segundo o diretor do projeto Geocarbon, Eduardo de Morais Pavão, as emissões de carbono da fazenda Viola na safra 2021/2022 foram de 4,47 toneladas de CO₂ equivalente por hectare por ano. Já as remoções de carbono foram de 14 toneladas de CO₂ equivalente por hectare por ano.

Isso significa que, para cada quilo de café produzido na fazenda, cerca de 4 quilos de carbono são removidos da atmosfera.

Além de ser benéfico para o meio ambiente, o café carbono negativo também oferece vantagens para a fazenda. As plantas são mais resistentes a adversidades climáticas e têm uma melhor qualidade.

O empresário Carlos Pellicer acredita que a produção de café carbono negativo é uma tendência que deve crescer no futuro. Ele espera que, com o desenvolvimento de novas tecnologias, seja possível descarbonizar o planeta.

Eu trabalhei minha vida inteira ligado ao agro com essa paixão pelas plantas, natureza, biodiversidade, por tudo isso que encanta a gente. Tudo que eu faço tem alguma correlação com agricultura ou com a sustentabilidade, ou com a produção de alimentos de forma sustentável, sempre estar integrado de alguma forma nesse aspecto”.

O futuro do café carbono negativo

Café, Trabalho

Foto: Envato

A produção de café carbono negativo é uma iniciativa promissora para o setor cafeeiro. Ela é benéfica para o meio ambiente, para a qualidade do produto e para a economia.

No entanto, ainda é uma prática relativamente incipiente. No Brasil, apenas uma pequena parcela das fazendas de café adota práticas sustentáveis.

Para que a produção de café carbono negativo se torne mais difundida, é preciso haver um esforço conjunto de produtores, governos e empresas.

Os produtores, podem optar por adotar práticas sustentáveis por uma série de motivos, como:

  • Responsabilidade socioambiental: os produtores estão cada vez mais conscientes da importância de proteger o meio ambiente.
  • Vantagens econômicas: a produção sustentável pode gerar economia de custos e aumentar a produtividade.
  • Acesso a novos mercados: os consumidores estão cada vez mais exigentes e buscam produtos sustentáveis.

Com o esforço conjunto de todos os envolvidos, a produção de café carbono negativo pode se tornar uma realidade cada vez mais presente no Brasil e no mundo.

“Acredito que as tecnologias que estão por vir nos darão a possibilidade de descarbonizar o nosso planeta”, finaliza Pellicer.