QUE CLIMA É ESSE?

Clima no Brasil em Maio: O que esperar para as principais regiões agrícolas

O cenário para o milho safrinha é otimista, com chuvas moderadas que garantem o bom desenvolvimento das plantas.

Clima no Brasil em Maio: O que esperar para as principais regiões agrícolas

O mês de maio chegou, e com ele as expectativas sobre como o clima afetará as principais regiões agrícolas do Brasil. A transição entre outono e inverno traz algumas incertezas, mas o meteorologista Arthur Müller, especialista em climatologia agrícola, nos ajudou a entender o que podemos esperar nos próximos dias, especialmente para o milho safrinha e a pecuária.

Temperatura Elevada e Risco de Geadas

Em primeiro lugar, a boa notícia para os produtores é que, ao contrário de outros anos, o risco de geadas para este mês de maio é muito baixo.

“Estamos lidando com temperaturas acima da média, o que praticamente elimina o risco de geadas”, explica Müller. Segundo ele, as previsões apontam para uma predominância de temperaturas mais elevadas, com algumas regiões do Brasil Central, como Mato Grosso do Sul e sul de Mato Grosso, experimentando máximas de até 38°C.

A explicação para essas altas temperaturas está em uma massa de ar quente que domina o país, o que, apesar de não ser ideal para culturas como a soja, é positivo para o milho safrinha.

“As altas temperaturas reduzem as chances de geada, o que beneficia o desenvolvimento de algumas culturas, como o milho”, diz Müller.

Chuvas Acima da Média: Benefícios para o Milho Safrinha

Maio é, historicamente, um mês de transição climática, e a chuva tende a ser um fator importante para os produtores. Para o milho safrinha, o cenário é otimista, já que as chuvas, embora não volumosas, são suficientes para garantir um bom desenvolvimento das plantas. As previsões apontam para cerca de 20 mm de chuva nos próximos cinco dias em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o que contribui para a umidade do solo.

No entanto, a partir de meados de maio, o clima começa a se estabilizar.

“A chuva tende a cortar, o que pode atrapalhar a finalização da colheita da soja, mas ainda assim, o milho safrinha tem boas perspectivas até o final da primeira quinzena de maio”, afirma o meteorologista.

Temperatura Elevada e Risco de Incêndios

Porém, o aumento das temperaturas traz consigo um desafio crescente: o risco de incêndios. Miller destaca que, apesar das boas chuvas iniciais, a falta de precipitação contínua e o calor excessivo podem gerar um ambiente propenso para o surgimento de focos de incêndio, especialmente após a colheita do milho.

“A falta de umidade, combinada com temperaturas altas, cria as condições ideais para incêndios em áreas agrícolas”, alerta o especialista.

Este cenário é particularmente crítico no Centro-Oeste e em partes do Norte do Brasil, onde a seca começa a se intensificar e a umidade relativa do ar diminui. Os produtores da região precisam redobrar a atenção ao manejo da vegetação e ao controle de incêndios.

Impactos no Setor Pecuário

Para a pecuária, a previsão de clima seco e quente nos próximos meses é igualmente preocupante. No Sul, onde a chuva continuará, os pecuaristas não devem enfrentar grandes dificuldades para manter o pasto.

Já no Centro-Oeste e Norte, a falta de chuvas afetará diretamente a disponibilidade de pastagem, forçando alguns pecuaristas a vender seus rebanhos mais cedo do que o esperado.

“Ao contrário do Sul, onde a chuva ajuda a manter as pastagens, no Centro-Oeste, o pasto vai secar rapidamente. O produtor precisa se antecipar e, muitas vezes, vender antes do previsto”, explica Miller.

Ele também destaca que, no Pará, uma das maiores regiões pecuárias do país, as chuvas continuam mais tempo, garantindo pasto para os produtores por mais alguns dias.

A Necessidade de Irrigação e Investimentos em Infraestrutura

Com o clima mais imprevisível e o risco de seca aumentando, a irrigação tem se mostrado uma estratégia crucial para garantir a produtividade. Miller aconselha os produtores a se prepararem para um cenário de mais seca.

“Quem puder investir em sistemas de irrigação, especialmente no Brasil Central e no Nordeste, vai conseguir mitigar os efeitos da falta de chuva”, diz ele.

Com a mudança nos padrões climáticos, a necessidade de armazenar água para irrigação tem se tornado cada vez mais evidente, e esse investimento será fundamental para os próximos ciclos de produção.

A falta de chuva frequente, combinada com a elevação da temperatura, está forçando os produtores a adotarem novas práticas agrícolas para manter a produtividade.

Previsão para o Final de Maio e Expectativas para o Mercado Pecuário

Nos próximos dias, as chuvas devem se concentrar nas extremidades do país. O Sul e o Norte ainda terão volumes consideráveis de chuva, mas o Brasil Central verá uma diminuição nas precipitações. Esse clima de transição pode afetar não só o milho safrinha, mas também as pastagens, especialmente no Centro-Oeste.

“Os pecuaristas do Centro-Oeste, como já vimos, terão dificuldades com a escassez de pastagem. No entanto, os produtores do Norte têm um alívio maior, já que as chuvas ainda persistem por mais tempo”, conclui o meteorologista.

Para quem está na expectativa de vender gado, a tendência é que os preços caiam no Centro-Oeste, devido à oferta maior de gado, mas os pecuaristas do Norte ainda terão tempo para negociar a venda de seus rebanhos.

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