
O presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Júlio Barbosa, um dos participantes dos debates do Diálogos Amazônicos em Belém (PA), resumiu em uma palavra temas e objetivo do evento que antecede a Cúpula da Amazônia: sociobioeconomia.
“Precisamos debater agora que tipo de bioeconomia nós queremos para os povos da Amazônia. Nesses debates sobre desenvolvimento sustentável e bioeconomia, o que queremos? Aquela bioeconomia dentro da visão empresarial, onde o lucro fica concentrado na mão de poucos e a classe trabalhadora acaba sendo usada como mão de obra barata? Nós entendemos que é preciso envolver os povos da Amazônia”, disse à Agência Brasil.
“O que defendemos é uma sociobioeconomia que leve em consideração a forma de vida das populações que habitam a Amazônia”, complementou ao dizer que as discussões não devem se limitar a “mercado, produto e preço”.
Enfoque em sociobioeconomia
Barbosa argumenta que é essencial debater que tipo de bioeconomia é desejado para os povos da Amazônia, inclusive para os extrativistas.
Ele questiona se será uma abordagem empresarial concentradora de lucros ou uma sociobioeconomia que leve em conta a vida das populações locais.
Proteção de territórios e defesa de tradições
O presidente do CNS destaca que a sociobioeconomia não se limita a mercado, produto e preço, mas também considera aspectos cruciais como a proteção de territórios, a conservação de culturas e a defesa de tradições.
Extrativistas enfrentam desafios na região
Barbosa ressalta a importância de abordar questões de segurança e combate a crimes na região, incluindo tráfico de drogas, grilagem de terras e violência contra comunidades tradicionais.
Ele também chama a atenção para a necessidade de proteção das fronteiras pan-amazônicas.
“Precisamos de um esquema muito forte de segurança e proteção das fronteiras pan-amazônicas, que vão além da Amazônia brasileira,. Por isso, todos os governantes e chefes de Estado dos oito países precisam assumir, de fato, compromissos para enfrentar as ilegalidades da exploração do garimpo; o narcotráfico, que entra muito forte na nossa região e em nossos territórios” diz.
Mudanças na matriz energética e consultas prévias
O presidente do CNS cobra um compromisso do governo brasileiro para rever a matriz energética do país, evitando a exploração das riquezas da Amazônia em benefício de outras regiões.
Ele destaca a importância de realizar consultas prévias à população antes de aprovar empreendimentos hidrelétricos.