Planeta Campo Talks

Saúde do solo: análise genética revela segredos da produtividade

Tecnologia de sequenciamento genético ajuda produtores a tomar decisões mais precisas no manejo do solo e a regenerar áreas degradadas.

Saúde do solo: análise genética revela segredos da produtividade

No Planeta Campo Talks dessa semana, a CEO e Co-fundadora da GoSolos, Vânia Pankievicz, compartilhou sua trajetória da ciência à prática no campo e explicou como o sequenciamento genético do solo pode ser uma ferramenta poderosa para agricultores e consultores aumentarem a produtividade e a resiliência do solo.

Com formação em biologia e especialização em microbiologia agrícola, Vânia lidera um negócio que nasceu na academia e hoje atende toda a cadeia do agronegócio. A proposta é clara: traduzir a complexidade dos microrganismos do solo em dados aplicáveis no dia a dia das fazendas.

A análise biológica do solo vai além da química e da física

Durante a conversa, Vânia destacou que o solo deve ser visto como um organismo vivo. Ele depende do equilíbrio entre suas partes física, química e biológica. E é justamente essa última – a microbiologia – que ainda é pouco explorada no manejo agrícola.

“A saúde do solo é como a do nosso intestino: quando a microbiota está equilibrada, tudo funciona melhor”, compara. Segundo ela, com sequenciamento genético, é possível identificar os fungos e bactérias presentes em uma amostra e entender a diversidade e o equilíbrio da microbiota.

Da coleta à decisão estratégica no manejo agrícola

A coleta para a análise biológica é simples: pode ser feita junto da amostragem físico-química antes do plantio. Depois disso, a amostra vai para o laboratório da empresa, em Curitiba, onde é processada em um sequenciador de DNA. O resultado revela a presença e proporção dos microrganismos, incluindo os utilizados como biológicos e os naturais do solo.

Com essas informações, a GoSolos faz uma reunião com o produtor e seu consultor para apresentar recomendações práticas, como:

  • Ajustes de rotação de culturas,
  • Escolha de variedades mais resistentes,
  • Aplicação de biológicos em doses específicas.

“Temos clientes que tomam decisões estratégicas com base nesses dados, como investir em tricoderma ou bacilos, ou até fazer doses variáveis em zonas da fazenda”, conta.

Regeneração do solo e resposta ao estresse climático

A análise genética também apoia estratégias regenerativas em solos degradados. Práticas como plantio direto, uso de cobertura vegetal e aplicação de compostos orgânicos ajudam a aumentar a matéria orgânica, que serve de alimento para os microrganismos e melhora a resiliência do solo a estresses como seca ou excesso de chuva.

Segundo Vânia, os resultados aparecem entre 3 e 5 safras. E o efeito é nítido: solos mais equilibrados sofrem menos em períodos críticos, como já foi observado por produtores no Rio Grande do Sul.

Pesquisa inédita avalia impacto do fogo na microbiota

A GoSolos também lidera o Projeto Queimadas, em parceria com a Fazenda Tropical e a Sink Bill, no município de Montividiu (GO). Após um incêndio causado por queda de energia, amostras foram coletadas em áreas atingidas e não atingidas pelo fogo. A ideia é analisar o impacto do incêndio na microbiota do solo e acompanhar os efeitos até o pós-colheita.

“Agora vamos comparar os dados no fim da safra para entender como o solo se recupera e como o manejo pode acelerar essa regeneração”, explica Vânia.

Próximos passos e mais acesso à tecnologia

Para facilitar o entendimento dos dados pelos produtores, a GoSolos está lançando a Plataforma 2.0, uma nova versão do sistema de visualização dos resultados de análises genéticas. “Queremos democratizar esse conhecimento e mostrar que olhar para o microbioma do solo é uma ferramenta decisiva para aumentar produtividade, reduzir perdas e preparar o campo para os desafios climáticos”, finaliza Vânia.