Segurança alimentar: Projeto promove desperdício zero em São Paulo
Programa Rota Solidária, da Associação Prato Cheio, recolhe e distribui alimentos em instituições na Grande SP e região do ABC
O desperdício de alimentos é um problema alarmante com repercussões globais e locais. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 780 milhões de pessoas sofrem de fome no mundo, enquanto 1 bilhão de refeições são desperdiçadas diariamente. O custo anual dessas perdas é de 1 trilhão de dólares. Este cenário reflete a necessidade urgente de ações eficazes para combater o desperdício e promover a segurança alimentar. Em São Paulo, a Associação Prato Cheio se destaca como um exemplo de sucesso nessa luta.
Fundada em 2001 por um grupo de universitários, a ONG (Organização Não Governamental) começou sua trajetória recolhendo alimentos que seriam descartados no Mercado Municipal de São Paulo. Os voluntários se reuniam no final do comércio aos sábados para fazer a triagem dos alimentos e distribuir em instituições no Centro da capital.
“Era um alimento bom, fresco, principalmente frutas, legumes e verduras. Não tinha valor comercial, pois não estava tão bonito para vender, mas do ponto de vista nutricional ou sensorial, era um alimento perfeito para consumo”, explica Dafna Kann, uma das fundadoras e presidente do Conselho da ONG Prato Cheio.
Batizado de Rota Solidária, o programa da ONG Prato Cheio atende atualmente 81 instituições na Grande São Paulo e ABC, beneficiando cerca de 33.500 pessoas em situação de vulnerabilidade social, semanalmente. Em 2023, foram coletados 653.000 kg de alimentos, de 85 pontos comerciais parceiros.
“A gente pega o alimento no ponto onde ele seria desperdiçado ou no local que vai querer doar, – hortifrútis, mercados, supermercados ou própria indústria de alimentos, e leva diretamente para as instituições. Com isso. a gente quebra esse entreposto de armazenamento, otimizando a doação”, diz.
Diversidade de alimentos
Uma das instituições beneficiadas é o Centro para Crianças e Adolescentes (CCA) Frei Leonel, localizado no Parque América, na Zona Sul da capital paulista. No local, são servidas refeições para duas turmas em contra turno escolar, oferecendo uma diversidade alimentar que muitas crianças de baixa renda não têm em casa.
A nutricionista Ana Paula Santos, que trabalha na Prato Cheio, ressalta: “A maior intenção é usar realmente o alimento de forma integral, pensando que não precisamos descascar todos os tipos de alimentos que consumimos. Abóbora, batata, cenoura, por exemplo, têm alto teor de nutrientes em suas cascas”, explica Ana Paula.
Capacitação e aproveitamento Integral dos Alimentos
Para garantir o aproveitamento total dos alimentos, a Associação Prato Cheio oferece capacitações e oficinas. Essas atividades ensinam formas criativas e nutritivas de preparar refeições, utilizando partes dos alimentos que geralmente são descartadas. As ramas da cenoura, por exemplo, podem ser transformadas em caldo verde ou molho pesto, enquanto sementes podem substituir amendoins em receitas de pé de moleque.
Além de ensinar técnicas culinárias, as oficinas promovem a conscientização sobre a importância de uma alimentação sustentável. “Às vezes pensamos que certos alimentos não serão bons, mas com uma preparação adequada, ficam deliciosos”, diz a cozinheira Rita de Cacia dos Santos.
Conscientização e Sustentabilidade
Parte do trabalho da Associação Prato Cheio é também sensibilizar a população sobre a importância de reduzir o desperdício de alimentos em casa. Em sua plataforma online de educação à distância Prato Cheio Para Todos, são oferecidos conteúdos com o objetivo de incentivar a produção de refeições saborosas, saudáveis e seguras.
Os cursos [clique aqui] elaborados com o apoio técnico do Centro Universitário Senac Santo Amaro – Professora Marselle Bevilacqua Amadio abordam boas práticas na manipulação de alimentos, técnicas de armazenamento, elaboração de cardápio, entre outros temas.
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