Mudanças climáticas devem impactar safra de olivas em 2024
De acordo com dados da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, há uma forte correlação entre as horas de frio acumuladas, o volume de precipitação na primavera e a produtividade da safra
As condições para a próxima safra, as pesquisas conduzidas para a olivicultura no Estado e dados sobre a produção da safra 2023 foram os temas tratados durante a reunião da Câmara Setorial da Olivicultura nesta quarta-feira (08/11). O encontro integrou a programação do 28º Congresso Brasileiro de Fruticultura, que ocorreu em Pelotas até esta sexta-feira (10), sendo realizado de forma híbrida pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).
A safra das oliveiras começa em fevereiro de 2024, mas os fatores climáticos enfrentados no inverno e na primavera de 2023 já permitem prever que a produtividade não será a mesma deste ano, quando foram produzidos 580 mil litros de azeite no Estado.
“Tivemos um inverno com uma das menores taxas de unidades de frio dos últimos anos. E também tivemos, em setembro, três ciclones, ventos fortes, e uma quantidade impressionante de chuva. São dois eventos desfavoráveis para a cultura”, explicou o coordenador da Câmara Setorial, Paulo Lipp.
Lipp demonstrou, com dados de uma série histórica de 2018 a 2023, que há uma forte correlação entre as horas de frio acumuladas, o volume de precipitação na primavera e a produtividade da safra.
“Em conversas com os produtores, nas perspectivas mais otimistas, estamos estimando uma redução de 30% na produção, em comparação com a safra de 2023”, informou o consultor em olivicultura Fabrício Carlotto.
Mapas de localização da safra de olivas
A supervisora de informações agropecuárias do IBGE no Rio Grande do Sul, Fernanda Assaife de Mello, apresentou dados do Levantamento Sistemático de Produção Agrícola, referentes à safra 2023.
O Rio Grande do Sul é o maior produtor brasileiro de olivas, respondendo por 75,7% da área colhida no país. O Estado conta, atualmente, com uma área plantada de 5.631 hectares – dos quais 2.564 estão em formação e 3.067 já estão em produção. “Na safra 2023, a produção do Estado ficou em 6.064 toneladas, com um rendimento médio de 1.980 quilos por hectare”, detalhou Fernanda.
A Metade Sul do Estado concentra os municípios com maior produção de olivas: Cachoeira do Sul, Encruzilhada do Sul e Dom Pedrito são os três primeiros colocados. “Destaque para Viamão, na Região Metropolitana, que está em quarto lugar. Os produtores do município vêm pensando na produção de oliveiras consorciada com o agroturismo”, ressaltou.
Trabalhos do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária
A pesquisadora Andréia Rotta de Oliveira, que coordena a área de pesquisa em olivicultura do DDPA/Seapi, apresentou as pesquisas realizadas pelo departamento nesta cadeia produtiva desde 2016.
“São diversas linhas de pesquisa que visam estratégias de desenvolvimento sustentável da olivicultura em nosso Estado, se agrupando em quatro temas principais: solos, fitotecnia, fitossanidade e cadeia produtiva e seus agentes”, enumerou a pesquisadora.
Os estudos e experimentos do departamento abordam: a fertilidade dos solos e nutrição dos olivais; biologia floral, fenologia e exigência térmica de cultivares; identificação de fungos fitopatogênicos, identificação de cochonilhas e controle biológico; e a formação do Cadastro Olivícola, levantamento socioeconômico das propriedades e informações sobre os consumidores de azeite.
“Algumas dessas pesquisas já têm resultados disponíveis: a Circular Técnica 13, sobre o Cadastro Olivícola, e a Circular 14, com a caracterização dos olivais do Rio Grande do Sul sob os aspectos socioeconômicos, fitossanitários, de nutrição e fertilidade dos solos”, destacou Andréia.
Participaram da reunião representantes das seguintes entidades: Emater/RS-Ascar, IBGE, Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Ministério da Agricultura e Pecuária, Seapi e UFRGS. O presidente do 28º Congresso Brasileiro de Fruticultura, Vagner Brasil Costa, também esteve presente, além de pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e extensionistas do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper).