
🌤️ O Oceano Pacífico voltou à neutralidade climática, segundo a Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA). Com o fim da La Niña, o meteorologista Arthur Müller, do Canal Rural, trouxe os impactos dessa mudança no quadro Que Clima é Esse?, do programa Planeta Campo. A principal conclusão: estamos oficialmente em fase neutra, mas isso não significa ausência de extremos — um pulso de frio intenso se aproxima e o El Niño costeiro pode retornar ainda neste ano.
O que significa estar em fase neutra?
Com a neutralidade, não há influência direta de El Niño ou La Niña no padrão de chuvas e temperaturas da América do Sul. Segundo Müller, isso é geralmente positivo para o campo, pois os fenômenos climáticos tendem a seguir padrões mais próximos da média histórica.
“Quando o Pacífico está neutro, temos uma tendência de normalidade, sem grandes extremos climáticos, o que é bom para a produção agrícola”, explicou o meteorologista.
A expectativa, segundo os modelos da NOAA, é que a fase neutra permaneça até o início da primavera, com chances de o El Niño retornar em caráter fraco nos meses seguintes.
El Niño costeiro já causa efeitos
🌡️ Embora a fase neutra domine, águas aquecidas já estão sendo observadas próximas à América do Sul, caracterizando o chamado El Niño costeiro. Esse fenômeno pode provocar chuvas intensas no litoral do Peru, Equador e até do Norte do Brasil, ao mesmo tempo em que prejudica o regime de chuvas no Matopiba — como já ocorreu em fevereiro e março.
“O produtor do Matopiba sofreu com a falta de chuva no começo do ano, reflexo direto desse El Niño costeiro. Se ele ganhar força, pode influenciar a primavera”, alertou Müller.
Outono e inverno mais quentes, mas com pulso de frio
🔥 Mesmo em neutralidade, o outono e o inverno devem ser quentes, já que o Oceano Pacífico continua com temperaturas elevadas. No entanto, frentes frias ainda vão ocorrer, e uma delas já está no radar.
Entre 21 e 25 de abril, uma massa de ar polar associada a um ciclone extratropical deve avançar pelo Sul do país, com previsão de temperaturas próximas a 0ºC na Serra Gaúcha e Catarinense e possibilidade de geadas no norte do Rio Grande do Sul e Sul do Paraná.
“É um frio que vai pegar em cheio o produtor rural, principalmente o pecuarista. Gado no Pantanal, acostumado a 40ºC, pode sentir muito com mínimas abaixo de 10ºC por vários dias”, alertou Arthur.
A massa de ar frio também deve atingir o Centro-Oeste e o Sudeste, especialmente o sul de Minas Gerais, com mínimas em torno de 10ºC, ainda que sem risco de geada nessas regiões.
Alerta ao produtor rural
🥶 O especialista reforça o alerta para os próximos dias, especialmente aos pecuaristas. A queda brusca de temperatura pode causar hipotermia em bovinos, especialmente se as mínimas se mantiverem baixas por vários dias consecutivos.
“O frio será mais duradouro, com efeitos até o início de maio. Por isso, é fundamental o produtor se preparar, principalmente no manejo e proteção dos animais.”
Com um cenário de neutralidade no Pacífico, aquecimento nas águas costeiras da América do Sul e frentes frias em formação, o outono brasileiro promete ser marcado por contrastes. Apesar da expectativa de um período mais quente, os pulsos de frio ainda exigirão atenção e planejamento no campo.